Santos, acessibilidade no litoral paulista

por | 9 jul, 2010 | Turismo Adaptado | 5 Comentários

O município de Santos, localizado na Costa da Mata Atlântica, a nova Baixada Santista, é um destino de grande potencial turístico, pois é uma cidade bem estruturada e próxima à capital do Estado. A cidade é composta predominantemente por áreas planas, o que ajuda muito a mobilidade, principalmente para quem possui dificuldade de locomoção. Se localizar também é simples, tomando a praia e os canais como referências.

O Mendes Hotéis possui a preocupação de receber a pessoa com deficiência da melhor forma possível, tem um bom nível de acessibilidade e hospitalidade. Por essas qualidades já foi escolhida para sediar dois eventos internacionais de pessoas com deficiência: o Encontro dos Países Lusófonos em setembro de 2008 e a Conferência Internacional de Talidomida em outubro de 2009.

O Bonde Turístico de Santos, um dos mais representativos atrativos da cidade, possui uma réplica de um reboque que hoje proporciona acesso para cadeira de rodas. A operação é feita no último banco, que é removido para dar espaço e uma rampa que fica guardada na parte inferior é encaixada na parte lateral. Apesar de fornecer o acesso, essa operação é demorada e trabalhosa. O roteiro do bonde percorre o centro histórico de Santos, região que a noite também é um local de grande concentração de casas noturnas. O Typografia Bar Brasil possui um pequeno degrau na entrada, onde qualquer modificação é proibida pelo Condepasa, órgão autônomo e deliberativo que cuida do tombamento e da preservação dos bens culturais e naturais situados no município de Santos. Apesar disso, seu interior é amplo e plano, além de possuir banheiros adaptados.

O Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube, uma espécie de museu do futebol localizado na Vila Belmiro, mostra mais do que as conquistas do clube. Como foi o clube em que Pelé começou, conta também a própria história do futebol brasileiro e mundial. Apesar de ser difícil conhecer o túnel por onde entram os jogadores vindo do vestiário devido as escadas, é possível conhecer quase todo o resto, inclusive entrar no campo. Apesar do Santos Futebol Clube já ter aderido à Campanha Nacional de Acessibilidade, o estádio apresenta falhas em alguns ítens como acesso aos camarotes, afinal a opção pelos setores deve ser livre para todos.

O Memorial dos 500 Anos do Descobrimento, localizado no alto da Ilha Porchat também é conhecido como Monumento Niemeyer. Uma obra que leva o nome do próprio projetista (Oscar Niemeyer), e proporciona uma das mais belas vistas das praias de Santos e São Vicente. Possui vaga reservada e rebaixamento de guia para acesso, embora precisem ser reformados.

“As Ondas Santos 21”, projeto de reurbanização da plataforma do Emissário Submarino, é uma das mais novas atrações da cidade. Ali se encontra o Monumento Tomie Ohtake, escultura em ferro feita para a comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Infelizmente nem todos podem admirar por completo essa escultura, de grandiosidade física – 20 metros de comprimento, 15 metros de altura e dois de largura. Para uma pessoa com deficiência visual, ter uma réplica em escala reduzida, utilizando os mesmos materiais e que ficasse ao lado da original, permitiria que ela tivesse uma percepção de como é a escultura.

A cidade poderia aproveitar melhor o espaço portuário, que é o maior complexo da América Latina, recebendo enormes navios de Cruzeiros. Esses navios turísticos de grande porte trazem consigo o conceito de acessibilidade já bastante respeitado pelas empresas estrangeiras de origem. Então dentro da embarcação a acessibilidade é muito boa, somente o acesso a ele ainda deixa a desejar.

O Restaurante Marlin, que fica no município de São Vicente, e o Pier 1 Choperia, localizada na Ponta da Praia, em Santos, foram alguns dos espaços gastronômicos visitados e com boas condições de circulação. Nesses locais, também é importante que haja banheiros adaptados e de cardápios em Braile. Além disso, as mesas devem ter espaço para que um usuário de cadeira de rodas consiga se posicionar confortavelmente. Mesas com pés em “X”, dobráveis em forma de cavalete, ou com altura baixa e larguras pequenas dificultam ou impedem isso.

O Palácio da Bolsa Oficial de Café é um monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), porém isso não impediu que o prédio se tornasse acessível. Na verdade, o Iphan possui um documento oficial onde incentiva a acessibilidade, respeitando as normas para preservação paisagística e arquitetônica. O Museu do Café em seu interior, permite uma boa circulação para pessoas com deficiência física, mas ainda pode aprimorar o atendimento a pessoas com outros tipos de deficiência.

“Acessibilidade” e “inclusão” têm que ser pensadas de forma abrangente. Na verdade, a melhor forma de fazer isso, é vislumbrar um turismo para todos, não exclusivo para pessoas com deficiência. É comum ver empresas que querem melhorar seus estabelecimentos nesses ítens, mas decidem fazer isso por conta própria ou buscam arquitetos e associações de pessoas com deficiência sem um conhecimento profundo. Buscar um especialista é muito importante, assim como para curar uma doença é importante procurar um médico, ou seja, um especialista da saúde, e não se medicar por conta própria. Quem toma esses procedimentos com amadorismo, pode acabar se dando mal no final da história.

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5 Comentários

    • Ricardo Shimosakai

      Olá Elisa, muito obrigado pelo comentário. O litoral paulista tem feito boas iniciativas relacionadas a acessibilidade. Uma das coisas que mais identificam o litora sçao as praias. Porém as praias brasleiras ainda precisam implantar uma acessibilidade melhor, e de forma permanente. No Rio de Janeiro um projeto muito bom chamado Praia para Todos, acabou por falta de recurso. O governo deveria apoiar esse tipo de iniciativa. Beijos!

        • Ricardo Shimosakai

          Por informação de um dos organizadores, a última ação deles foi feita no Piscinão de Ramos, e acabou no dia 30 de maio. Ainda há a AdaptSurf que faz um trabalho parecido. Pretendo elaborar em breve, um pacote turístico acessível para o Rio de Janeiro. E parabens por seu trabalho também, precisamos de arquitetos com mais conhecimento em acessibilidade. Beijos

  1. Monica Nascimento

    Ola Ricardo, boa noite!
    Sou Mônica, estou cadeirante ( andava de aparelho ortopédico e desde de 2006 estou numa cadeira de rodas devido a debilidade de musculos e ossos ), tive que me readaptar em tudo, mas enfim a vida continua… Tenho uma família linda com meu esposo Sandro e dois filhos Luca 19 e Luiza 10 anos, estamos pensando em nos mudar para São Vicente, atualmente moramos em Jaboticabal interior de SP, somos de Santo André grande ABCD. Desculpe escrever tanto, entrei nesse site pois procurava por Hotéis ou Pousadas adaptadas para deficientes, pretendemos estar indo á São Vicente no outro final de semana para conhecermos a cidade, e deparei com essa reportagem maravilhosa que detalha sobre a acessibilidade de Santos! Parabéns a vcs daí, aqui onde estou, deficientes são casos fantasmas, pois se existem, se escondem o quanto podem, e olha que aqui temos várias entidades, até a APAE.Ricardo se for possível nos comunicarmos deixo aqui meu email, msn para podermos trocar informaçoes ok?!
    meu email e msn: [email protected]
    Se pudr me adicionar fico no aguardo, grata!

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