Ricardo Shimosakai acessível em Libras. Aplicativo Hand Talk auxilia surdos no site.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

5 de maio de 2021

A acessibilidade deve contemplar a todos, pois só assim conseguimos praticar uma verdadeira inclusão. Eu (Ricardo Shimosakai) sempre tive isso em minha cabeça desde que comecei a trabalhar na área, e todos que conhecem meu trabalho, sabem da minha consciência sobre isso. Porém a acessibilidade é uma área ampla e complexa, então nem sempre é possível aplicá-la na totalidade.

Sempre trouxe a questão da acessibilidade ao surdo para meus trabalhos, e minha presença da internet através do meu site, redes sociais e entrevistas, sempre foi bastante reconhecida por todos. Mas a falta da acessibilidade para aqueles que somente se comunicam em Libras, ainda era um item em falta. Em uma parceria com a Hand Talk, uma solução para a tradução de textos para a língua de sinais, um plugin foi instalado em meu site, e agora em um simples clique, pode ser acionada uma janela com o tradutor virtual Hugo. Um avanço importante para tornar uma sociedade ainda mais acessível e inclusiva.

Aproximadamente 80% dos surdos em todo o mundo, não compreendem bem a língua falada de seus países. Isso porque, a maioria dos surdos é alfabetizado na língua de sinais dos países onde moram, no caso do Brasil, a Libras, sigla para a Língua Brasileira de Sinais. São mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil, segundo o Censo de 2010 do IBGE, e mais de 360 milhões em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

A Libras é reconhecida pela legislação como segundo idioma oficial do Brasil, mas infelizmente não é valorizada, e as escolas acabam dando mais importância para idiomas estrangeiros como inglês e espanhol. Isto acaba desencadeando um enorme problema social, segredando os surdos em sua própria comunidade, uma vez que o estudo não é adequado. Com isso também fica difícil arranjar um emprego e até realizar atividades simples do cotidiano, quando a interação com pessoas é necessária, ou nas atividades de lazer e turismo que todos procuram para trazer descontração e felicidade. Isso é como ser um estrangeiro na própria terra.

Dois prints do celular e da tela do computador, abertos na página de consultoria em acessibilidade do site Ricardo Shimosakai, juntamente com o aplicativo Hand Talk

Acessibilidade Digital em Libras

Segundo uma extensa avaliação feita em conjunto pela BigData Corp e o Movimento Web para Todos, a grande maioria dos sites brasileiros não está acessível para pessoas com alguma deficiência. Os dados mostram que em agosto de 2019 eles eram de apenas 0,61%, e em abril de 2020 chegaram a 0,71%, uma melhora muito pequena para uma questão tão importante e necessária, afinal o comércio, serviços e informações já tem a internet como seu principal canal, uma tendência que tomou ainda mais força após a pandemia.

A não ser que o surdo seja alfabetizado na língua portuguesa, além da Libras, a grande maioria dos sites acaba se tornando inacessível. O surdo é uma pessoa ativa, que consome produtos, serviços e informação através da internet, assim como qualquer pessoa. Porém, se o site, e-commerce, redes sociais, não estiverem preparadas para este tipo de público, o retorno será muito baixo.

O Movimento Amigo do Surdo

Com a intenção de aproximar ainda mais a comunidade surda das organizações acessíveis, a Hand Talk lançou o Movimento Amigo do Surdo, que reúne e categoriza todos os sites acessíveis em Libras com a ferramenta em um único buscador. Acessando o Portal Amigo do Surdo, é possível encontrar páginas de todos os tipos, desde serviços e educação até shoppings, restaurantes e e-commerces – todos acessíveis em Libras.

Todos esses sites também têm à disposição o selo Site Amigo do Surdo, que pode ser exibido no rodapé ou no topo da página, facilitando a identificação e o acesso ao Tradutor de Sites pelos surdos, que são bastante visuais. Com essas iniciativas, o Movimento Amigo do Surdo oferece mais facilidade para a comunidade surda e cria uma vitrine segmentada para as organizações acessíveis. Então o site e blog Ricardo Shimosakai passou a fazer farte do movimento, constando no portal e com o selo no rodapé.

Os três criadors da Hand Talk estão de pé, ao lado de um boneco do assistente virtual Hugo. Ao fundo, papel de parede listrado na horizontal com diversas cores.

Conheça a Hand Talk

A Hand Talk nasceu da junção de três sócios, Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Tadeu Luz que apresentaram a proposta num desafio de startups e foram vencedores. Com mais de quatro milhões de downloads, o aplicativo Hand Talk funciona como um tradutor de bolso, traduzindo texto e voz automaticamente para Libras, e conta com a seção educativa Hugo Ensina – uma série de vídeos em que o personagem ensina sinais e expressões em Libras para os interessados na língua. O app é gratuito e está disponível para tablets e smartphones, nos sistemas Android (na Play Store) e iOS (na App Store).

O reconhecimento da solução como inovadora e acessível veio de várias partes do Brasil e do mundo. Foram dezenas de prêmios, dentre eles o de Melhor Aplicativo Social do Mundo em 2013, entregue pela ONU (Organização das Nações Unidas), no prêmio World Summit Mobile Award, em Abu-Dhabi. Na ocasião, a Hand Talk concorreu com cerca de 15.000 aplicativos de mais de 100 países.

Entre outros prêmios de destaque, estão a escolha como a Startup mais inovadora da América Latina pelo Qprize, Qualcomm Ventures (2014), eleito pela W3C um dos 3 melhores projetos para acessibilidade na Web no Prêmio Todos@Web (2014) e eleito pelo BID uma das 16 Startups mais inovadoras da América Latina no Demand Solutions (2014)

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