Raphael Nishimura, paulistano com distonia muscular, é revelação mundial no Paraclimbing
A Itália foi palco do primeiro campeonato mundial de paraclimbing, uma categoria da escalada para deficientes físicos. Tal fato, acontecido no ano passado e que parecia isolado, deu início a uma grande iniciativa por aqui, em terras brasileiras.
Raphael Nishimura resolveu, juntamente com o amigo Frederick Gonçalves, criar um projeto social, na busca por encontrar mais atletas brasileiros com deficiência e que curtiam o mundo da escalada. A partir daquele momento nascia o Paraclimbing Brasil.
O projeto dos dois parceiros tem como diretrizes básicas divulgar a escalada esportiva e seus benefícios para pessoas com deficiência física e mostrar a todos o sentido da superação, ou seja, que quando se tem vontade tudo é possível, até mesmo a prática de esportes de aventura e de grande desafio.
Raphael nasceu em São Paulo, tem 30 anos e é deficiente físico. Ele tem distonia muscular desde os oito anos de idade. “É como se, em vez de mandar um sinal para o músculo funcionar, o cérebro mandasse centenas de sinais, causando estes espasmos que, no meu caso, acontecem principalmente no pescoço”, explica o atleta.
Mas as contrações involuntárias nunca fizeram Raphael desanimar, pelo contrário. Ele graduou-se no curso de mídias digitais na PUC-SP, partiu para o MBA em Gestão de TI e logo em seguida engatou uma pós-graduação na área de finanças. Tal esforço lhe rendeu uma vaga na empresa IBM, onde trabalha há sete anos.
A escalada chegou à vida de Rapha, como muitos amigos o chamam, há pouco mais de quatro anos. “Um amigo meu que escala me chamou para ir com ele um dia, disse que achava que me faria bem, quando resolvi experimentar, não parei mais”, lembrou.
“Hoje eu dou preferência para vias longas. Vias esportivas eu também gosto, mas como exigem muita força à recuperação é longa, então não faço muito porque fico mais cansado.”
Quanto aos benefícios do esporte, o escalador diz que no início o ganho foi mais psicológico. “Quando você está na via, precisa estar focado nela, nas agarras, nos movimentos, não dá tempo de pensar em problemas e isso relaxa muito”.
Já o benefício físico foi percebido algum tempo depois. Apesar de Raphael ter sempre adotado esportes como natação e ciclismo, ele notou que com a prática da escalada houve um grande fortalecimento dos músculos, principalmente das costas, assim como o aumento na resistência física.
“A escalada me ajuda muito a manter uma postura mais ereta e a me cansar menos em tarefas rotineiras. Devido à minha condição física, a caminhada é muito trabalhosa, esse é mais um motivo que me faz escalar duas vezes por semana, assim posso me manter em boa forma.”
Projeto engatinha
Quando o assunto é o projeto Paraclimbing Brasil, Raphael lembra que o público alvo está em todos os lugares, no entanto o contato entre os deficientes ainda é difícil. “Sei que tem um cara no Rio de Janeiro que é deficiente visual, mas ainda não consegui fazer contato com ele. Ainda assim, com alguma deficiência parecida com a minha eu nunca fiquei nem sabendo, mesmo em países com maior número de escaladores deficientes, a maioria é deficiente visual ou amputada”, ressalta.
Na etapa do Campeonato Brasileiro da modalidade, deste ano, no Rio, foi criada a categoria Paraclimbing. No entanto só havia um competidor, além de Raphael. E ele não compareceu. O escalador espera que haja mais divulgação da categoria para ver se aparecem mais competidores nas próximas etapas, em São Bento do Sapucaí e Belo Horizonte.
Raphael participou do Campeonato Mundial da modalidade, que ocorreu entre os dias 12 a 16 de setembro, na França. Mesmo com dificuldades financeiras para participar de um evento no exterior, conseguiu superar mais esta dificuldade, e conquistou o segundo lugar, sendo o primeiro brasileiro da história da escalada subir ao pódium. Para conhecer mais sobre Raphael Nishimura, visite o blog Escalango, onde ele também tem uma parte sobre o Paraclimbing Brasil.
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Fonte: Caravana da Aventura
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