Rapel Inclusivo. Desafiando a natureza e as leis da física.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

1 de novembro de 2023

Rapel inclusivo. A invenção do rapel é atribuída a Jean-Charlet Straton, um guia da cidade de Chamonix, na França, que utilizou essa técnica para descer do Petit Dru, uma montanha com 3.730 metros de altura, em 1879. Até o final do século XVIII, o uso de cordas em atividades de montanha era limitado. No entanto, com o desenvolvimento de novos tipos de cordas mais resistentes e seguras, tornou-se possível praticar o rapel com muito mais segurança.

Inicialmente, as primeiras técnicas de rapel eram realizadas sem um sistema de freio. A frenagem era feita pelo atrito da corda nas mãos ou ao redor do corpo do escalador, o que poderia causar dor intensa, como queimaduras, e danificar as roupas. Essas técnicas antigas não são mais utilizadas nos dias de hoje.

Rapel inclusivo

Eu já tive experiência com rapel, desde antes da lesão, quando fiz a atividade pelo Escotismo. O primeiro rapel inclusivo depois de me tornar cadeirante, foi no Parque dos Sonhos em uma visita técnica onde levei uma comitiva de trabalho do turismo acessível. Fizemos um rapel negativo, que é quando você não tem contato com paredes ou rochas, e desce de maneira livre, como se estivesse pendurado. Para isso, fui por uma tirolesa até o ponto central, paramos e realizamos a descida.

Outro local muito lindo além de emocionante, foi em Foz do Iguaçu, que também foi um rapel negativo. Ali você vai até uma plataforma metálica no meio da natureza, que avança até um ponto onde há espaço livre para a descida. O diferencial é que essa plataforma está de frente para as Cataratas do Iguaçu, então a vista é única, além do barulho da queda d’água, forma um cenário inesquecível.

No México, mais especificamente na cidade de San Luis Potosi, o rapel inclusivo foi diferente, desta vez descendo escorado nas costas de uma montanha. O local é uma área de campo e montanha, e numa propriedade particular, foi montado uma base, com uma espécie de cabana, com os devidos pontos para prender as cordas, e de onde eram passadas as instruções e feitas as preparações dos equipamentos. Inclusive nessa atividade, havia colegas cegos também participando da aventura adaptada.

O rapel inclusivo que ilustra este artigo, com as fotos de capa e os vídeos no YouTube, foi realizado na Pedreira do Dib em Mairiporã, São Paulo. Além da equipe experiente do Somos Todos Iguais para montar a estrutura e conduzir as pessoas, havia também um Grupo Escoteiro para dar suporte. Eu fiz o rapel inclusivo sentado em minha própria cadeira e todas as cordas, cintas e mosquetões foram colocados no meu corpo e na cadeira ao mesmo tempo.

A proposta é que eu mesmo realizasse a descida, mas claro, com instruções e equipe de apoio e segurança, e assim foi feito. Depois quando chegado ao ponto final, na parte de baixo da pedreira, os escoteiros tinham uma cadeira de trilha para me levar de volta ao topo. Pessoas com diferentes tipos de deficiência, mobilidade reduzida ou mesmo sem nenhuma limitação, participaram juntas na mesma atividade, por isso sim pode ser considerada uma atividade inclusiva.

Todas as atividades de rapel inclusivo aqui descritas foram feitas com o acompanhamento dos instrutores, pois para praticar esta atividade radical sozinho, é necessário ter treinamento, e em todas elas eu participei como um turista ou avaliador. Atividades de aventura podem ser feitas por pessoas com deficiência, desde que tomados os devidos cuidados.

Eu já prestei consultoria para locais onde havia atividades de aventura, como Bonito no Mato Grosso do Sul, que além disso também realizei treinamento para os guias de turismo, e com isso se tornou um dos destinos de natureza e aventura mais inclusivos do país, sem contar com sua exuberante beleza. Esse tipo de caso de sucesso, sempre mostro em meus cursos, para que o aluno entenda todo o processo de adaptação. Também costumo apresentar de forma mais objetiva em minhas palestras, que sou frequentemente convidado para vários locais do Brasil e exterior. Se quiser ter uma idéia melhor de meus serviços, siga o perfil do Instagram e o canal do Youtube, além do meu blog aqui mesmo no site.

 

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