Rampas com obstáculos ou fora do padrão dificultam acessibilidade de deficientes
A falta de acessibilidade é um grande problema para muitos moradores de várias cidades pelo país. Em Barra Bonita, por exemplo, a prefeitura recebeu dinheiro, R$ 1,5 milhão, para pavimentação, colocação de guias e construção de 84 rampas de acessibilidade por meio de convênios com a Secretaria Estadual de Turismo, mas o que se vê na cidade são rampas que não podem ser usadas por causa de obstáculos ou construídas fora do padrão.
No centro da cidade nem todas as quadras têm rampas de acesso.
No centro da cidade nem todas as quadras têm rampas de acesso. Para o cadeirante Ivan do Carmo, sair de casa é uma complicação. Para chegar à calçada, ele tem que cruzar a rua. “Na segunda rua ali também não tem rampa. Uma ou outra isolada, nenhuma entrada na calçada, mas também não dá sequência”, conta.
Um telefone público fica bem ao lado de uma das rampas, mas caso algum cadeirante queira usá-lo, será difícil porque tem degraus, apesar da rampa ficar perto. Do outro lado da rua, mais problemas. Caso o cadeirante consiga subir na calçada, ele vai ter um problema na hora de andar porque tem uma árvore bem no meio do caminho.
Três rampas foram construídas em uma rua, mas por causa da inclinação, mesmo com ajuda, é complicado subir a ladeira com a cadeira de rodas. “A inclinação dessa rua aqui chega a ser um absurdo para cadeirante passar. Nem com cadeira motorizada ele consegue transitar aqui”, reclama Ivan.
Em um dos cruzamentos, o cadeirante tem que se agarrar ao poste para chegar à calçada. Em outro ponto, a rampa foi construída no meio do mato, ao lado de uma avenida movimentada. O convênio para as obras foi assinado na gestão passada.
“Infelizmente nós temos que gastar com dinheiro público agora do município. Não é uma verba que vem mais do convênio. Porque quando vem do convênio é fácil. Você tem o dinheiro à disposição do estado. Nós vamos ter que tirar dinheiro do bolso para fazer isso”, explica o diretor do Departamento de Obras de Barra Bonita Munir Arradi Junior.
A Secretaria Estadual de Turismo informou que a construção das rampas ficou sob a responsabilidade da prefeitura. Uma equipe vistoriou o projeto e exigiu mudanças, como na rampa ao lado do terreno baldio. O ex-prefeito de Barra Bonita, Guilherme Belarmino, disse que o projeto de acessibilidade foi feito pela equipe de engenharia da prefeitura, que segundo ele, é a mesma equipe da atual administração.
Árvore no meio da calçada atrapalha acessibilidade de cadeirantes.
Bauru
Em Bauru, um poste do sinal de trânsito ficou no meio de uma rampa de acesso em uma das principais avenidas da cidade. “Esse poste atrapalha todo mundo. Todo mundo reclama dele”, conta o aposentado Antônio Hidalgo.
O professor de engenharia Ricardo Ramos Rocha explica que a construção das rampas deve seguir as normas Associação Brasileira de Normas Técnicas (Abnt) “Inclusive a norma observa sobre a presença do que chamamos de obstáculos urbanos. São os postes, sinaleiros, lixeiras, isso tem que estar afastado da passagem do deficiente.”
Mas nem sempre as normas da Abnt são seguidas. Por isso cadeirante Ariani Queiroz de Sá tem que fazer manobras com a cadeira de rodas para desviar do poste. “Isso é falta de ouvir quem realmente vai usar. Porque se eles ouvissem quem realmente vai fazer uso da rampa, da guia rebaixada, seja lá o que for a nível de acessibilidade, eu acho que os erros seriam bem menores.”
A produção da TV TEM pediu explicações à prefeitura de Bauru sobre o poste atrapalhando quem precisa da rampa, mas não teve resposta.
Inclinação de rampa atrapalha acessibilidade.
Fonte: G1
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