Formar novos talentos e professores de música. Esse é o objetivo da Escola de Música Santa Luzia, que atende 52 deficientes visuais de todas as regiões de Teresina. O projeto funciona desde 2014, na sede da Associação dos Cegos do Piauí (Acep), e conta com aulas de violão, teclado, bateria e canto. As aulas seguem uma metodologia diferente, onde toda parte teórica é repassada aos alunos através do braile.

Taís Talita, de 22 anos, é uma das beneficiadas do projeto. Ela sempre esteve ligada à música e resolveu começar as aulas de teclado como forma de auxiliar o seu preparo vocal. “Eu percebi que para cantar melhor teria que aprender um instrumento musical. Tentei violão, mas não consegui, agora estou me dedicando ao teclado”, comenta a jovem, enquanto ensaia uma das músicas aprendidas na aula.

A jovem Ane Samira também assiste aulas de teclado, diariamente, na Escola de Música Santa Luzia. Ela conta que, por conta da falta de tempo e de locais adequados, sempre adiava o sonho de ser uma instrumentista. “Desde criança, sempre fui fascinada por música. O meu sonho é aprender teclado e me tornar uma musicista profissional”, conta.

Na Escola de Música Santa Luzia, a maioria dos professores também são deficientes visuais, o que facilita a interação na hora das aulas. Alan Viana chegou a tocar profissionalmente e hoje é um dos responsáveis pelas aulas de violão na Escola. Para ele, a música é uma das formas de acabar com a invisibilidade social enfrentada pelos deficientes visuais.

“O nosso maior desafio é transformar as pessoas com deficiência visual em verdadeiros profissionais da música. O nosso projeto ensina a musicografia em braile para formar profissionais e também professores, para transmitir o conhecimento para outras pessoas. Temos que buscar o nosso espaço e mostrar para as pessoas que nós, deficientes visuais, somos capazes”, pontua o professor.

Ajuda 

O fato de todo o material utilizado nas aulas ser impresso em braile dificulta a manutenção da Escola, que é mantida através de doações de pessoas físicas e de empresas parceiras. O coordenador geral do projeto, José Ronaldo, conhecido entre os alunos como professor Branco, explica que cada impressão custa em torno de um real.

“A nossa maior dificuldade é na hora de imprimir as partituras em braile, pois o custo é muito elevado. Eles conseguem aprender através da informação repassada pelos professores de forma oral, mas, com o tempo, acabam esquecendo; por isso, é importante ter esse material impresso”, afirma.

Os interessados em contribuir com o projeto, através de doações de instrumentos, ou financeiramente, devem procurar a sede da Associação dos Cegos do Piauí (Acep), localizada no bairro São Pedro, zona Sul de Teresina. “A escola já tem um CNPJ e conta bancária. Quem tiver interesse em contribuir, basta chegar à sede da Acep e me procurar”, explica o professor Branco.

 Semana Nacional do Cego é comemorada com atividades 

Com objetivo de estimular o debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência visual, é comemorada, em todo País, até a próxima quinta-feira (17), a Semana Nacional do Cego. Em Teresina, a programação é coordenada pela Associação dos Cegos do Piauí (Acep), através da Escola de Música Santa Luzia, e conta com palestras, intervenções e apresentações artísticas.

O coordenador da Escola de Música, José Ronaldo, explica que, esse ano, uma programação diversificada foi preparada para marcar a semana de comemorações. “Nos anos anteriores, apenas uma caminhada da acessibilidade era realizada para comemorar a semana. Após a criação da Escola de Música, resolvemos englobar outras atividades”, explica.

Durante o final de semana, os alunos da Escola de Música Santa Luzia participaram de intervenções artísticas nos shoppings da capital. Eles apresentaram o repertório aprendido nas salas de aula do projeto. “Tivemos uma receptividade muito boa do público em todas as apresentações”, comenta José Ronaldo.

A programação festiva continua até a quinta-feira (17). “Ainda vamos ter a apresentação de corais, da orquestra do Sesc Ilhotas, e da banda da Polícia Militar. Além disso , temos as oficinas de canto”, lembra o coordenador da Escola de Música Santa Luzia.

Fonte: portalodia

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