Com o Brasil escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016, o país atrai olhares do mundo todo, e não apenas pelas estrelas dos esportes olímpicos e do futebol, mas por toda a infraestrutura que seremos obrigados a oferecer para realizar as competições, delegações e o contingente de turistas que lotam as cidades no período dos eventos.

Até a data das competições, muitas obras de engenharia serão realizadas para que as capitais sede se enquadrem no padrão internacional exigido pelo Comitê Olímpico Internacional – COI e pela Federação Internacional de Futebol Associado – Fifa. Estádios serão construídos, assim como vilas olímpicas, parques aquáticos, quadras poliesportivas. Isso sem falar de obras de infraestrutura de transporte urbano, como as de melhoria em vias públicas, metrô e ônibus. Os equipamentos turísticos também passarão por modificações – em alguns locais não há acomodações suficientes para atender à demanda do fluxo turístico causado por competições dessa magnitude.

Para que o Brasil deixe sua marca na história esportiva mundial, no quesito acessibilidade, na Copa do Mundo de 2014, na Olimpíada e na Paraolimpíada de 2016, é necessário que todas as construções e reformas que forem feitas sejam pensadas e executadas, desde o seu Projeto arquitetônico, de forma que todas as pessoas tenham o mesmo direito de transitar, quer seja nos locais de competição, quer seja no espaço urbano das cidades e também nos equipamentos turísticos.

Quando falamos em acessibilidade não se trata apenas de uma questão física, vai muito além. Se um turista com deficiência visual vai a um restaurante acompanhado de uma pessoa que não tem problemas de visão – apesar de muitas vezes não se sentir confortável com a situação, mas é o que geralmente ocorre –, cabe ao acompanhante o papel de ler para a pessoa com deficiência visual o que tem no cardápio. Esta não é a situação ideal.

Sem falar no constrangimento que é o garçom ignorar completamente, ao anotar o pedido, a presença da pessoa com deficiência visual, como se ele não pudesse opinar por não poder ler um texto escrito. Mas, e se este mesmo deficiente visual vai ao restaurante sozinho e não encontra nenhum cardápio em braile? Como ele vai fazer seu pedido? Vai pedir para o garçom ditar para ele o cardápio? Bem constrangedor! E se este turista for estrangeiro e o garçom não falar sua língua? Teremos mais problemas ainda com as confusões de idiomas!

Sem dúvida essa não é uma situação hipotética difícil de acontecer, embora o turismo acessível movimente milhões na Europa e nos Estados Unidos. A população europeia, americana e canadense que possui deficiência é acostumada a viajar e espera encontrar serviços acessíveis; e é bem provável que venham visitar o Brasil durante a Copa e a Olimpíada.

O Projeto Novos Rumos se antecipou e lançou seus viajantes na estrada para vivenciar o que o Brasil oferece atualmente nas cidades onde a Copa

vai acontecer, não esquecendo de chamar atenção para o caso do Rio de Janeiro, que sediará, em um espaço curto de tempo, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, além da Copa do Mundo.

As capitais escolhidas para sediar a Copa do Mundo de 2014 foram: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Manaus (AM), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA) e Natal (RN). A expedição passou por todas essas cidades e também pela cidade de Socorro, no interior do estado de São Paulo, cidade que hoje é referência nacional em acessibilidade e turismo acessível.

Foram dois meses de viagem percorrendo o Brasil, coletando imagens e colecionando experiências. Ainda neste projeto e paralela a expedição, uma equipe técnica coordenada por arquitetos e urbanistas fez o mesmo percurso pelo Brasil, com o objetivo de identificar e relacionar as condições de acessibilidade de pessoas com deficiência em hotéis, bares, restaurantes e pontos turísticos das cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, assim como as condições de atendimento a esse perfil de turista. Para esse levantamento tomou-se como referência a legislação federal em vigor e as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, no que rezam sobre o assunto. Os resultados serão publicados em um guia impresso e online. A viagem do Projeto Novos Rumos produziu, além deste livro, um documentário com imagens das experiências de seus viajantes.

Conhecer capitais de culturas tão distintas, num país de dimensões continentais, é, antes de tudo, enveredar numa viagem pela diversidade. É se despir de conceitos e ideias pressupostas para descobrir outras formas de viver, outros sotaques, outras paisagens, outros ritmos, outros sabores, outras crenças, outras diferenças que fazem parte de um mesmo Brasil. É esta diversidade que temos que nos preparar para receber nos eventos de 2014 e 2016: pessoas de diversas partes do mundo, com necessidades distintas, que esperam ser bem acolhidas, com hospitalidade, igualdade de tratamento e, acima de tudo, acessibilidade.

Para ver o material na íntegra, faça o download clicando nos ícones abaixo:
Projeto Novos Rumos – Guia Muito Especial
Projeto Novos Rumos – Livro

Fonte: Muito Especial

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