Projeto Cultura que o Surdo Escuta cria roteiro turístico para surdos
Foi assim que nasceu o Projeto CSE – Cultura que o Surdo Escuta. Do sonho do coração de uma jovem surda, Carla Nogueira, quando veio à São Roque pela primeira vez em 2010 e descobriu uma cidade lindíssima mas sem a acessibi¬lidade necessária para que ela aprendesse sobre a história dessa cidade e desfrutasse de seu turismo.
Conversando com uma moradora da cidade, conhecedora da Cultura Surda, começaram a esquematizar um Turismo de Acessibilidade, foi um ano de preparativos, trocas de emails, convites para outros se juntarem e nasceu a ONG NISC – Núcleo de Integração Sociocultural, com sede em São Paulo e com objetivo simples, de proporcionar passeios culturais com acessibilidade garantida para surdos e surdocegos, com ou sem mobilidade reduzida.
Contamos com a parceria de duas entidades de São Paulo, CEPSP e FENEIS, que nos ofereceram salas para reuniões e treinamentos dos voluntários. As inscrições do projeto foram feitas pelo site da FENEIS. Havia um sonho, uma esperança e esbarrava na falta de dinheiro. Foi então que buscamos parceiros na cidade de São Roque, pessoas e empresários de coração abertos para a inclusão social que nos ofereceu do pouco que tinham, o muito que ajudaria o projeto.
A Expresso Regional que atua na cidade com ônibus urbano e interurbano, nos ofereceu o transporte, indo a São Paulo buscar o grupo, levar nos pontos turísticos e levar de volta à São Paulo. Combinamos um preço camarada no almoço da Cantina Frank, que de pronto nos ofereceu o café da manhã gratuita¬mente, farto e variado. O almoço foi espetacular, momento de descontração e muita conversa em Libras.
O Ski Mountain Park nos ofereceu gratuidade na entrada e estacionamento e o Grupo se divertiu muito. Inclusive, um dos participantes, Pedro, de 9 anos de idade, acompanhado pela mãe, foi pela primeira vez no teleférico. Para muitos pode não ser novidade, mas essa criança surda nasceu também com o movimento do corpo comprometido, o que o impede de andar, ele faz uso de cadeira de rodas, e no colo da mãe, viu São Roque de cima, do alto, onde suas pernas não faziam diferença, pois ele voava. Foi emocionante. O pessoal do parque foi muito atencioso com o grupo e suas diversidades.
A Vinícola Palmeiras recepcionou o pessoal com muita atenção e deu alguns brindes para ser sorteado entre o grupo. A Vinícola Góes ofereceu uma palestra onde o grupo tirou dúvidas sobre a produção e armazenamento do vinho. A Bon¬sucesso, na pessoa da Ana Lídia, deu uma aula em frente a plantação de Alcachofra e depois uma deliciosa degustação de seus produtos. Tudo isso não seria tão organizado sem a presença da Guia de Turismo Adriana Boccato que ofereceu o seu dia e parte de seu tempo para a divulgação de nossa cidade. Se comprometeu em levar um pouco de nossa cultura a um grupo que durante muito tempo não teve acessibilidade.
A NISC organizou tudo isso com ajuda de voluntários, que usaram camisetas com cores distintas doadas pela Vitalle, Caper e a Azzul, que entenderam que seria de fácil visualização pelo Surdo, o trabalho que o voluntário estava desen¬volvendo. Monitores Surdos usaram amarelo, Intérpretes usaram Laranja e a Equipe Organizadora usou azul. Ao todo tivemos 18 pessoas que trabalharam intensamente para o Projeto ser posto em prática. Foi um presente para todos que participaram, uma oportunidade ímpar para o grupo de Surdos e uma experiência gratificante para todos os parceiros que ofereceram sua contribuição, segundo seus próprios depoimentos. Agradecemos também à Divisão de Turismo pela atenção e esclarecimentos sobre a cidade.
Que cada um receba de Deus a frutificação da semente plantada, já tendo em mente que nossa cidade proporcionou um dia de turismo de acessibilidade, cultura e divertimento em cada cidadão Surdo que recebemos.
Fonte: O Democrata
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