“Foi um dia muito especial. Foi maravilhoso”. Foi assim que Edson Oliveira, de 35 anos, definiu a manhã deste domingo. A frase foi dita por ele enquanto voltava para a areia após um banho de mar na Pajuçara. A declaração, a princípio, poderia parecer comum, se não fosse um detalhe: “Fazia 10 anos que eu não entrava no mar e hoje eu entrei. É uma emoção muito grande”, contou. Edson é cadeirante, paratleta da Associação Pestalozzi Maceió e participou do primeiro dia do Projeto Praia Acessível.
“Algo que parece simples para muitos de nós representa um obstáculo para um cadeirante, por exemplo, que não conseguia chegar ao mar. Mas que a partir de agora, esse público tem essa oportunidade. Através do Projeto Praia Acessível, é possível dar também a possibilidade de lazer, esporte e cidadania”, comentou o prefeito Rui Palmeira, que esteve presente no lançamento do projeto.
O projeto foi lançado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel), e proporciona uma programação especial para pessoas com deficiência. Toda a estrutura é montada na praia para oferecer um domingo de lazer e esportes para pessoas com algum tipo de deficiência motora, visual, auditiva ou intelectual. Entre as atividades, estão bocha adaptada, stand up paddle (SUP), vôlei sentado, pesca e bocha adaptadas e o banho de mar assistido, utilizando a chamada cadeira anfíbio.
“É importante dar dignidade às pessoas, e é isso que estamos propondo. O Praia Acessível representa um avanço muito positivo e, pela alegria e volume de público, percebe¬se que o projeto já nasce sendo um sucesso”. Acompanhado da esposa Tatiana Palmeira e da filha Beatriz, o prefeito também inaugurou a quadra de esportes na Pajuçara, que foi totalmente revitalizada. “Estamos entregando mais uma quadra reformada, que também servirá de espaço para esportes como vôlei e bocha adaptada. Estamos reestruturando e reconstruindo vários espaços de lazer por toda a cidade de Maceió”, disse Rui.
“A Prefeitura entende a importância e a necessidade de trabalhar a inclusão, afinal, a gestão atua pelo bem de todo maceioense. Estamos em uma região tão bela do nosso litoral, que além da beleza natural, está sendo dotada de uma estrutura pronta para promover um bom domingo. A Prefeitura vem trabalhando em diversos bairros e temos promovido atividades como os domingos de lazer e tantas outras ações”, enfatizou o vice¬prefeito, Marcelo Palmeira.
“O projeto, na minha opinião é um dos mais bonitos da Prefeitura de Maceió. A gente já vem trabalhando há alguns meses dialogando e contado com a parceria de diversas secretarias e de entidades públicas e privadas. Estamos lançando hoje, mas o projeto vai funcionar, inicialmente, uma vez ao mês, mas a tendência é que se torne quinzenal”, defendeu o secretário Municipal de Esporte e Lazer, Antônio Moura.
O secretário enfatizou ainda a perspectiva de crescimento da iniciativa. “Estamos com área toda adaptada, dotada de acessibilidade, mas queremos evoluir, alcançar novas parcerias e, futuramente, levar a outras regiões do litoral maceioense. Também lembramos que o projeto está aberto, as instituições podem nos procurar para que um número cada vez maior de pessoas participem do Praia Acessível”, destacou Moura.
A iniciativa já existe em outras cidades, mas em Maceió recebeu uma grande estrutura, o que inclui tendas e uma passarela até o mar para que as cadeiras de rodas possam atravessar a faixa de areia. A primeira edição contou com mais de 120 inscritos distribuídos entre as diversas atividades. Participaram integrantes das entidades Fundação Casa doEspecial (Funcae), Associação Pestalozzi, Família Down Maceió e Associação dos Pais de Pessoas Especiais (Aappe). A abertura oficial contou ainda com apresentação do Grupo de Capoeira Ginga Terapia e do grupo de percussão Afro Lozzi.
A dona de casa Girlene Lopes é mãe de André Lopes, que tem 30 anos de idade faz parte da Aappe. Para ela, o projeto é um sinal de que a Prefeitura tem olhado com carinho para esse público: “Eles precisam de um domingo, assim, de lazer para que eles não fiquem ociosos em casa. Aqui, eles se unem, um vê a dificuldade do outro e se superam juntos. Isso é muito importante. O meu filho André, tem um pequeno transtorno psiquiátrico e é surdo, mas adora esportes e quer participar de tudo”.
Para a secretária de Defesa da Mulher e dos Direitos Humanos, Rosinha da Adefal, o Projeto Praia Acessível representa um avanço na política de inclusão e acessibilidade: “Sempre que eu pensava em vir à praia, o único meio de entrar no mar era através da jangada acessível. Agora temos outras alternativas. Estamos conseguindo avançar nessa questão. Há muitos anos eu espero isso como cidadã e como pessoa com deficiência que via acontecendo em outras cidades. E agora a gente pode ter acesso a tudo isso com toda essa estrutura preparada pela Prefeitura que está de parabéns”.
Fonte: aqui acontece
Só falta um táxi adaptado na cidade.
Enquanto isso, buscamos outras alternativas. Pelo menos para os turistas, sempre arranjamos um jeito.