Caso de sucesso

Wheel The World

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Wheel The World

A Wheel The World surgiu do esforço de dois amigos chilenos – Alvaro Silberstein (cadeirante) e Camilo Navarro – para possibilitar a viagem dos dois para o Parque Nacional Torres del Paine, na Patagônia. Com um crowdfunding bem sucedido, conseguiram recursos para comprar uma cadeira de rodas adaptada para Silberstein e decidiram começar o negócio na área de turismo. Oferecem roteiros de viagens acessíveis e incríveis, onde além dos locais acessíveis, também possuem equipamentos auxiliares e pessoal treinado para o atendimento inclusivo.

Fui contratado pela Wheel The World para acompanhar o grupo formado por Isabel Aguirre, que também é cadeirante, e mais uma equipe de 5 pessoas (inclusive um repórter fotográfico e cinematográfico), para dar orientações e prestar avaliações dos atrativos turísticos visitados, e das operações envolvidas nas visitações. Além disso, participar como personagem nos registros em foto, vídeo e depoimento para a elaboração do material promocional desse produto turístico.

Como todos os participantes do grupo principal eram todos Chilenos sem conhecimento da Língua Portuguesa, por eu ter uma fluência na Língua Espanhola, servi como um intérprete em diversas situações onde a comunicação não era clara.

Desafios

  • rOrganizar um produto turístico completo com acessibilidade, também conhecido como pacote de viagem acessível, para turistas em cadeira de rodas
  • rIndicar soluções aos problemas da falta de acessibilidade encontrados em toda a visita técnica e melhorias naqueles onde a acessibilidade é parcial
    • rParticipar na criação e produção de materiais em diversos formatos de mídia para ilustração e divulgação do produto turístico criado
    • rServir como um guia para a compreensão das operações turísticas no destino, intérprete para o idioma espanhol e fornecimento de informações importantes na criação integral do produto turístico

    Soluções

    • RTradução e interpretação para o grupo por todo o período de visitação, em todos os locais e em todas as situações
    • RVisitação e avaliação juntamente com o grupo, para identificar as condições de acessibilidade
    • RParticipação como personagem nas fotos e filmagens, para a elaboração de todo o material promocional do roteiro de viagem
    • RTeste e orientações para melhor utilização das tecnologias assistivas utilizadas nas diferentes atividades, como a cadeira anfíbia e o módulo de locomoção
      • RAvaliação das condições de acessibilidade das estruturas e equipamentos, inclusão na operação dos serviços, nos diferentes atrativos turísticos
      • RPromoção da empresa, execução do trabalho e produto final, através de mídias digitais e impressas, entrevistas por áudio e vídeo
      • RServiço de guia, fornecendo informações dos locais visitados, na parte do interesse turístico e das questões de acessibilidade e inclusão
      Já conhecia o Rio de Janeiro, inclusive a maioria dos atrativos inclusos no roteiro, além das empresas e pessoas que trabalhariam como receptivos, pois já tinha trabalhado em outra ocasião profissional, com o agenciamento de viagens para esse destino e já tinha contato com essas empresas. Como o público alvo da empresa, são usuários de cadeira de rodas, então por todas as questões citadas acima, minha pessoa se encaixou perfeitamente para a proposta. Foram 6 dias em outubro de 2019.

      Logo na primeira noite, fomos conhecer a noite carioca no Rio Scenarium no tradicional bairro da Lapa. Uma casa noturna com três andares, acessíveis por elevador, e com uma decoração diferenciada, pois é um antigo antiquário. Ali mostrei a alegria do brasileiro, nas músicas animadas, fomos para a pista dançar, e saboreamos tradicionais bebidas como caipirinhas e petiscos típicos como queijo coalho e pão de queijo.

      A Cidade do Samba, que é um espaço que reúne em um só lugar os 14 barracões das maiores escolas de samba, também tem um passeio chamado Carnaval Experience para mostrar um pouco de uma das maiores festas populares do mundo. Um guia local nos leva para dentro do barracão contando a história do samba e do carnaval, e conhecendo de perto algumas fantasias e carros alegóricos. Depois subimos para o andar superior, e numa sala de experiências, queríamos mostrar que mesmo na cadeira de rodas, era possível escolhemos fantasias para poder vestir, e juntos com passistas e uma bateria colocar o samba no pé, ou nas rodas. Também conhecer e tocar alguns dos instrumentos tocados numa bateria de escola de samba, como cuíca e pandeiro.

      Mudando um pouco de ambiente, fomos conhecer a Floresta da Tijuca, onde o transporte foi feito pela Jeep Tour, que possui carros adaptados. Caminhonetes com a parte traseira aberta e adaptada para passageiros sentados e em cadeira de rodas, e o acesso é feito através de rampas móveis em forma de canaletas. Com a ajuda de uma cadeira anfíbia, que roda no piso e também flutua na água, entramos em um pequeno lago com queda d’água e visitamos outras cachoeiras, observando animais e contemplando a natureza.

      A Escadaria Selarón é uma obra pública, entre os bairros da Lapa e Santa Teresa, onde o chileno radicado no Brasil, Jorge Selarón, decorou seus 250 degraus com imagens e frases em mosaicos de ladrilhos. Mesmo uma escada não sendo um local ideal da acessibilidade, quisemos mostrar que é possível chegar no início dela para conhecer a arte e tirar fotos desse ícone carioca.

      O monumento do Cristo Redentor, localizado no morro do Corcovado, uma das sete maravilhas do mundo moderno, e cartão postar do turismo brasileiro, apresenta algumas dificuldades. Fizemos a primeira parte do acesso através do Trem do Corcovado, que opera com embarque prioritário e possui uma rampa móvel auxiliar, e espaço interno suficiente, conseguido com assentos retráteis.

      Algumas semanas antes da visitação, o Rio de Janeiro tinha passado por um temporal que deixou elevadores e escadas rolantes fora de serviço. Em nossa visita, somente um dos elevadores estava funcionando, com um controle de acesso para dar prioridade àqueles que realmente precisavam, como nós cadeirantes. Depois, o acesso da primeira base do Cristo Redentor, até o local principal, o acesso é feito somente por escadas comuns e escadas rolantes, e estas estavam inoperantes para todos.

      Porém, conversando com os funcionários, e colocando a importância de nossa visita, que não era um simples passeio, conseguimos uma operação especial para que pudessem ligar as escadas rolantes e pudéssemos subir com mais facilidade. Não é a melhor opção de acessibilidade, porém é a melhor opção que o lugar possui, e sendo feito com cuidado, não há problemas. Eu mesmo aprendi a andar de escada rolante sozinho, para justamente poder ter mais opções práticas em lugares com acesso restrito.
      Uma passagem para conhecer a área da zona portuária, para conhecer o Mural Etnias do grafiteiro Eduardo Kobra, com rostos de pessoas de diversos povos, o que tem bastante ligação com a inclusão e diversidade. Também o Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, com um formato futurístico que chama a atenção. Uma breve passagem no Museu de Arte do Rio, para ter uma visão panorâmica da cobertura do local. Nessas áreas, fomos tocando a cadeira de rodas, pois a região era de fácil circulação, pois também foi estruturada pensando nos Jogos Paralímpicos do Rio em 2016.
      Em algumas caminhadas, um equipamento ajudava na mobilidade. Ele é uma extensão, conectada na parte da frente da cadeira de rodas, que transforma ela como um triciclo, tirando o contato com o chão, das pequenas rodas dianteiras que acabam dificultando rodar com a cadeira em pisos acidentados.

      Fomos fazer uma visita na conhecida praia de Copacabana e conhecer o projeto Adaptsurf. A acessibilidade na praia é montada, com esteiras para dar condições de avançar com sua cadeira de rodas tradicional até mais próximo do mar. Com cadeiras anfíbias, uma equipe treinada te fornece roupas e passa orientações, para depois pegar ondas e surfar com pranchas adaptadas. Depois, para tirar a areia do corpo e também da cadeira de rodas, fomos em um dos chuveiros dos postos de salva-vidas.

      A visita ao Bondinho do Pão de Açúcar, foi feita em um horário estratégico para pegar o pôr-do-sol do alto. A entrada possui uma plataforma de acesso, bilheterias e entrada preferencial, mais acessíveis para nossas cadeiras de rodas. No embarque e desembarque do bondinho, colocam uma rampa móvel auxiliar, e o interior dele é bem amplo. Verificamos todos os acessos, banheiros, pontos para visualização da paisagem, comércio e atendimento, e nenhuma barreira grave foi encontrada.

      Fomos até a ponta da praia do Leme, no caminho dos pescadores, vivenciar pescarias de peixes de água salgada. Prestando atenção na mobilidade do calçadão da orla, dos banheiros públicos no caminho e na acessibilidade nos restaurantes à beira-mar. Pontos de travessia de rua, acessos à areia da praia, e um reconhecimento da hospitalidade carioca e como a cidade se comporta em seu cotidiano.

      A consultoria prestada foi muito importante em diversos sentidos. Além disso, como eu sendo uma pessoa forte no turismo acessível, também daria bastante credibilidade ao trabalho. E para eventuais atualizações do roteiro, ou qualquer contato com fornecedores brasileiros, posteriormente eu seria uma ponte para contato. A Wheel The World disse que, em outras propostas de destinos brasileiros, com certeza vão me chamar novamente, o que dá a certeza de ter feito um trabalho satisfatório.
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