Pessoas com Deficiência. Como fazer a viagem dos seus sonhos.
Empresa organiza viagens personalizadas ao exterior, cuidando de todos os aspectos relacionados ao turismo adaptado
Viajar é fundamental. Além de ser uma importante alternativa de lazer, se impõe como uma inesgotável fonte de cultura, informação e conhecimento, principalmente se a escolha recair sobre outro país. Isso tudo não poderia deixar de fazer parte da vida das pessoas com deficiência. Foi pensando nisso que Ricardo Shimosakai criou a empresa Turismo Adaptado, única na América do Sul, especializada em organizar viagens para o segmento. “Realizamos todo o tipo de atendimento turístico, como hospedagem, passagens, visto, câmbio, seguro, guias, entre outras coisas. As pessoas podem ser agrupadas, onde montamos um pacote, ou avulsas, de acordo com a necessidade de cada um”, explica o idealizador do projeto.
“Além de arranjar toda a estrutura, também passamos orientações. Por exemplo, para quem não tem experiência, falamos sobre como lidar com o banheiro em transportes aéreos, a permissão do cão-guia em viagens, entre outros assuntos que são dificuldades recorrentes nessas situações”, explica Ricardo.
Ele conta que as agências e operadoras convencionais promovem pacotes prontos. “A pessoa não tem opção, é obrigada a visitar o que está no programa. Nossas viagens são personalizadas, afinal cada um tem suas necessidades”.
Ricardo Shimosakai conta como as pessoas com deficiência devem proceder para realizar a viagem dos sonhos ao exterior. “O primeiro passo é marcar uma entrevista com o interessado. É nessa hora que ele revela realmente o que deseja, que tipo de país quer conhecer e o que precisa para facilitar seu acesso aos pontos turísticos, acomodação adequada em hotéis, transporte e outros aspectos fundamentais, que fortaleçam a ideia de independência da pessoa. Isso, apesar de contarmos sempre com um funcionário no local, que fica à disposição para ajudar no que for preciso”.
A empresa procura enquadrar a pessoa dentro das características dos países e dos serviços por eles oferecidos
Depois disso, a empresa analisa as necessidades do turista em potencial e procura enquadrá-las dentro das características dos países e dos serviços por eles oferecidos. “Faço uma espécie de pesquisa no local, ou seja, procuro conhecer o maior número de cidades. Além de ajudar na hora de sugerir o destino, dá mais credibilidade. Em relação aos locais aos quais não tenho condições de viajar, faço inúmeros contatos via telefone, e-mail, recebo fotos e informações sobre o procedimento adotado. Com nossa experiência, em duas ou três perguntas descobrimos quem não desenvolve um trabalho sério e descartamos imediatamente”.
De acordo com o empresário, o Brasil ainda não está preparado adequadamente para receber turistas com deficiência, embora o cenário já tenha evoluído. “Na Europa é diferente, a partir dos aeroportos. Há normas rigorosas de acessibilidade para todos os países que integram a União Europeia. Em Portugal, por exemplo, temos uma agência de viagens parceira, que disponibiliza vans adaptadas, hotéis e roteiros específicos para as pessoas com deficiência. Contamos, ainda, com parceiros na América do Norte, Ásia, África e outros países da Europa. Na África do Sul há inúmeras agências específicas para esse segmento”.
Questionado sobre quais os destinos mais aconselháveis no exterior, Ricardo não pensa duas vezes: Barcelona, na Espanha, e Nova Iorque, nos Estados Unidos. “Essas duas cidades são ideais, tanto no aspecto de acessibilidade, quanto em atrações de turismo. A maioria dos pontos turísticos, hotéis e meios de transporte oferecidos por esses lugares dispõe de total acessibilidade. O turista com deficiência, nessas cidades, não precisa procurar pontos específicos, pois os locais tradicionais de visitação oferecem condições ideais, como o Museu de Arte da Catalunha, La Rambla, Catedral de Barcelona, Sagrada Família, Camp Nou, Museu Picasso, em Barcelona, e Estátua da Liberdade, Central Park, Empire State, Rockefeller Center e Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque”.
Ricardo diz que a maioria de seus clientes é cadeirante. “É óbvio que procuramos atender a todos os tipos de deficiências e suas especificidades. Na verdade, costumo dizer que, às vezes, tenho de desenvolver um trabalho de convencimento. No caso da pessoa ter interesse em conhecer um local que não é adequado por não ter o mínimo de acessibilidade. Quase sempre consigo a troca do destino”.
“O primeiro passo é marcar uma entrevista com o interessado. É nessa hora que ele revela realmente o que deseja”
Os preços, de acordo com o empresário, dependem de vários fatores, como nível do hotel e país escolhido. “O mais importante é que não há nenhum acréscimo no valor pelo fato de a pessoa ter alguma deficiência”.
Atualmente, muitos brasileiros optam por viajar ao exterior. Por isso, Ricardo tenta adotar uma estratégia nova para incrementar os serviços. “Estou buscando uma operadora grande para dar mais suporte. A procura é tanta que sinto a necessidade de crescer, sob pena de não oferecer um serviço de qualidade”.
Segundo Ricardo, há espaço no mercado para crescer. “Só para se ter uma ideia, os Estados Unidos movimentam US$ 14 bilhões por ano só com turismo adaptado. O Brasil precisa enxergar esse nicho”.
Os preços, de acordo com o empresário, dependem de vários fatores, como nível do hotel e país escolhido
INDIVIDUAL
O negócio de Ricardo começou por acaso. Em 2001, vítima de um sequestro relâmpago, sofreu um tiro. “Antes disso, passeava bastante por muitos lugares e, quando fui parar na cadeira de rodas, não quis desistir dessa prática. Recomecei a viajar. Meus colegas com deficiência passaram a me pedir dicas de destinos turísticos e vi que podia desenvolver um trabalho no setor. Cursei a Faculdade de Turismo, me especializei e montei a Turismo Adaptado”.
Serviço
A Turismo Adaptado é uma empresa que trabalha a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida no lazer e turismo. Mais informações pelo telefone (11) 3846-633 ou no site www.turismoadaptado. wordpress.com
Fonte: Sentidos
Compartilhe
Use os ícones flutuantes na borda lateral esquerda desta página
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
2 Comentários
Enviar um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Artigos relacionados
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista.
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista. Uma iniciativa internacional abraçada pelo SBT no Brasil.
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
ADOREI A PAGINA..
ESTOU FAZENDO UM TRABALHO DE PESQUISA SOBRE O ASSUNTO.
Para um material mais amplo e atualizado, temos nosso livro digital “Acessibilidade e inclusão no Turismo”. Veja o link a seguir
https://ricardoshimosakai.com.br/2010/07/08/livro-digital-%E2%80%9Cacessibilidade-e-inclusao-no-turismo%E2%80%9D/