Paquera inclusiva por aplicativos. Cuidados e comportamentos de ambas as partes.
Algumas fotos bonitas e uma bio divertida parece ser tudo o que as pessoas precisam para se dar bem em aplicativos de relacionamento como o Tinder ou o Happn. Porém, em ambientes onde a imagem é muito importante, pessoas com deficiência física têm preocupações que vão além de escolher a melhor foto para garantir o match. Mulheres cadeirantes que são ou foram usuárias dos aplicativos contam à Universa quais são os cuidados que elas costumam tomar:
Colocar fotos sobre rodas
Mais do que mostrar as imagens de sua última viagem pela Europa, as mulheres que entram nestes aplicativos precisam deixar claro que são pessoas com características específicas. “Eu colocava fotos usando a cadeira por completo, além de escrever na bio que eu sou cadeirante”, explica a assessora de imprensa Fabíola Pedroso, 33, de São Paulo (SP), que conheceu o atual namorado pelo Happn.
“Eu não posso negar que tenho uma característica diferente”, explica a fotógrafa Maria Paula Vieira, 25, de Santo André (SP). O cuidado é para driblar situações esquisitas e atuar até como uma espécie de filtro social. “Ainda existe muita gente preconceituosa. Então preferia deixar claro para evitar perguntas inadequadas ou surpresa na hora de encontro”, explica a jovem.
Abrir o jogo também é uma maneira de todas as partes alinharem as expectativas. “Para qualquer relacionamento, a sinceridade é algo essencial”, fala a publicitária Luana Sanches, 30, de São Paulo (SP), que namora há dois anos e meio um professor que conheceu nos aplicativos de namoro. “Evita a frustração. Eu não queria fazer ninguém se sentir enganado”.
Fabíola chega a comparar a situação com a de uma pessoa que coloca uma foto muito antiga nos aplicativos ou não mostra algum “defeito”. “Uma vez saí com um cara que não sorria nas fotos. Quando o conheci, parecia que ele tinha passado salgadinho nos dentes. Eu me senti muito enganada”, comenta. “Não vou colocar uma foto minha antiga em que estou 10 quilos mais magra, então por que vou esconder o fato de eu usar cadeira de rodas?”
Falar da deficiência com o crush
De acordo com Fabíola, o silêncio nem sempre é a melhor forma de tratar o que lhe é diferente. Antes de sair com um cara dos aplicativos, ela sempre colocava a deficiência de nascença dela em pauta. “Se eu via que ele não tocava no assunto, eu o trazia à tona”, diz a assessora de imprensa. “Tem que ser uma coisa que é ok para o cara, não dá para se relacionar com alguém que não fica confortável com a situação. É importante dizer as suas limitações”
O papo serve para evitar situações constrangedoras. “Eu, por exemplo, tenho mobilidade reduzida em uma das mãos. Não consigo segurar um copo plástico. O cara precisava saber disso”, pontua Luana.
Fabíola afirma, ainda, que o “crush” precisa estar disposto a ser o centro das atenções. “Quando eu beijava uma pessoa em um bar, o lugar todo parava para ver a gente. Ele tem que saber lidar com essa situação”
Porém, na maior parte das vezes, o fato de estar em uma cadeira de rodas se tornava uma pauta quando o assunto era sexo. “Tem gente que acha que uma pessoa cadeirante não tem vida sexual ativa, que é assexuada”, explica Maria Paula.
Perguntas sobre a sensibilidade e a possibilidade de irem para cama são, de acordo com as entrevistadas, comuns. “Cheguei a colocar na minha bio que não responderia sobre sexo sobre rodas”, ri Fabíola. “Porque uma coisa era o cara me perguntar isso quando já estávamos conversando há algum tempo, outra era quando este era o primeiro tópico da conversa”
Bar acessível (e seguro)
Mulheres que conhecem pessoas em aplicativos de namoro costumam tomar medidas de segurança, mas, no caso de cadeirantes, este cuidado é redobrado.
“Eu sou uma pessoa teoricamente mais ‘frágil’, se o cara quiser é só me pegar no colo e sair correndo”, explica Fabíola Pedroso. Por isso, é importante a cadeirante optar por bares que conhece e que sejam públicos. “Também sempre passava o nome, o telefone e as redes sociais dos caras para as minhas amigas”, afirma Luana.
Fabíola também explica que a acessibilidade do lugar não é uma questão apenas de conforto, mas também de segurança. “A cadeirante precisa ir a um lugar onde ela pode ir embora sozinha, sem a ajuda de ninguém, para conseguir fugir de um encontro ruim”, diz.
Fonte: Notícias BOL
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