O Transporte e o turismo para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida
* Este texto foi escrito para o Diário do Turismo, na divisão MIX, e subseção Artigos de Ricardo Shimosakai. Disponível em: <http://www.diariodoturismo.com.br>.
O transporte é um fator que influencia muitas pessoas na hora de escolher uma viagem ou mesmo um simples passeio. Isso acontece geralmente em pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, onde também fazem parte desse grupo pessoas idosas e com algum tipo de deficiência temporária. Afinal não adianta achar um ótimo destino, se não existe um meio de transporte adequado até o local, fator que algumas das vezes levam à recusa da viagem por parte da empresa que a oferece, ou mesmo por parte da pessoa com dificuldade.
No Brasil alguns serviços foram criados para suprir essa demanda, como taxis e vans adaptadas, mas que geralmente servem somente para um transporte local. O transporte público deveria estar de acordo com normas de acessibilidade, afinal ele deve servir a todos sem qualquer distinção. Porém não é o que acontece na realidade, e somente em grandes cidades vemos um progresso neste campo. Quase toda a rede de ônibus de Londres é adaptada, inclusive com rampas automáticas. Os ônibus turísticos adaptados no Brasil são uma raridade, apesar de existirem fábricas nacionais com equipamentos apropriados.
Apesar dos aviões não serem adaptados em nenhuma parte do mundo, algumas medidas podem ser feitas para aliviar essa dificuldade, a começar pela acessibilidade nos aeroportos, inclusive verificando o uso dos fingers e ambulifts, pois embarcar uma pessoa de cadeira de rodas erguendo pelas escadas do avião somente pela força do braço sem nenhum outro equipamento auxiliar é um procedimento perigoso. A União Européia estabelece como obrigatório a existência de um departamento nos aeroportos para atender o público com dificuldade, fornecendo orientações e realizando procedimentos de embarque e desembarque com uma equipe treinada. Também foi criada uma lei protegendo contra qualquer tipo de discriminação e também à recusa de embarque.
Trem
O trem é um meio de transporte comum no exterior. Existem trens de diversas classes e estilos, e com isso a questão da acessibilidade também é variada. Peguei um trem noturno de Lisboa a Madri com cabine e quatro leitos, mas que era muito apertado ao ponto de nem minha cadeira de rodas nem passar pelo corredor. Outro trem em Portugal havia uma plataforma móvel bem eficiente, porém era um equipamento que pertencia à estação, então somente em alguns lugares o embarque e desembarque eram acessíveis. O trem expresso para o aeroporto de Gatwick era o melhor, com amplo espaço, uma rampa móvel do próprio trem e até um banheiro adaptado.
Automóvel
Dificilmente as locadoras de carros possuem algum veículo adaptado para alugar, e quando dizem possuir, se localizam somente em pontos de alta concentração de público como aeroportos. Outro problema é o desrespeito da sociedade para com as vagas de estacionamento reservadas. As vagas públicas reservadas à pessoa com deficiência, são regularizadas em nível municipal, onde é necessário obter uma identificação especial concedendo o direito a estacionar nesses locais reservados. Isso resolve um problema local, mas quem mora em outra cidade ou mesmo um turista estrangeiro, e tem a mesma necessidade de usufruir dessa vaga, acaba ficando excluído dessa possibilidade.
Embarcação
Em embarcações de pequeno porte, muitas vezes não cabe colocar uma adaptação física, mas sim um treinamento das pessoas que trabalham nele, para saberem como tratar um turista com algum tipo de dificuldade. Os transatlânticos possuem uma infra-estrutura bem melhor, com cabines amplas e equipamentos para usufruir da piscina e todos os outros ambientes. Então, como em todos os outros tipos de produtos ou serviços turísticos, não existe um padrão. Para quem busca conforto em questão de acessibilidade, o ideal é procurar locais confiáveis, que entendam tanto do turismo como de acessibilidade e inclusão, para assim oferecer algo de qualidade. No Brasil, isso ainda é difícil, por isso a Turismo Adaptado vem realizando esse serviço de agenciamento de viagens, além de procurar difundir esse conhecimento através de cursos e palestras, para não ser uma única no mercado, e tornar isso uma prática comum. A acessibilidade precisa ser uma característica de todos os projetos, não um adesivo!
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