Novas cédulas do real mais acessíveis a deficientes visuais
Quem está acostumado com as cédulas de real circulantes no mercado financeiro desde que foram instituídas no Brasil, há quase 16 anos, vai conhecer a segunda geração da moeda oficial brasileira. O novo projeto da série de notas, uma parceria do Banco Central (BC) com a Casa da Moeda do Brasil (CMB), que tramitava desde 2003, foi aprovado ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em Brasília. E prevê alterações arrojadas nos modelos, facilidades na identificação e dificuldades para os falsificadores. As novas cédulas de R$ 50 e R$ 100 começam a circular no mês de junho, segundo o BC. As notas de menor valor serão trocadas até 2012. As notas antigas continuarão valendo e serão substituídas aos poucos, à medida que forem sofrendo o seu desgaste natural.
A campanha, cujo lema é “O Real Ficou ainda Mais Forte”, vai atender, principalmente, à demanda dos deficientes visuais. Os modelos terão tamanhos diferentes e marcas em relevo que facilitam a identificação tátil. As novas cédulas vão manter a diferenciação por cores predominantes, aspecto que facilita a rápida identificação dos valores nas transações cotidianas, inclusive por pessoas com visão subnormal. De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há quase dez anos, dos 16,5 milhões deficientes visuais, cerca de 160 mil têm deficiência total. O maior número por habitante concentra-se no Nordeste, aproximadamente 11,2% da população (5,6 milhões) com deficiência total ou baixa visão. Em Pernambuco, cerca de 73 mil deficientes visuais serão beneficiados.
Gente como José Diniz, 49, funcionário público da Gerência da Pessoa com Deficiência (GPD), setor da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), e diretor de profissionalização da Associação Pernambucana de Cegos (Apec), que há 34 anos perdeu a visão. Casado e pai de dois filhos, ele foi diagnosticado com retinose pigmentar, doença degenerativa da retina, a parte do olho que forma as imagens. Dentre as limitações comuns à doença, está a identificação do dinheiro que leva na própria carteira. Até hoje, a única garantia que tem de não ser enganado é a confiança das pessoas.
“Identificar as notas sempre foi algo difícil para os deficientes visuais. Dependemos da honestidade das pessoas nas transações financeiras. É preciso perguntar que nota estou dando, o valor da compra e qual o troco. Na carteira, uso as cédulas pela ordem de valores”, revelou. O problema dele e de outros milhões de deficientes visuais deve melhorar com os novos modelos de cédulas implantados pelo BC. “Os benefícios se estenderão para outras pessoas, como os idosos”, comemorou Diniz.
A CMB investiu cerca de R$ 400 milhões no parque fabril para o projeto das novas cédulas. Segundo o órgão, o custo do milheiro para a fabricação das novas cédulas será próximo a R$ 200, valor de 25% a 28% maior do que o pago para a confecção das cédulas anteriores (cerca de R$ 168). A expectativa do BC é de que os novos modelos tenham 30% a mais de vida útil que as atuais. O objetivo da instituição é diminuir o prejuízo que o Brasil tem com a falsificação de cédulas, que chegou a R$ 23 milhões no ano passado. Em 2008, atingiu R$ 28 milhões. No país, circulam atualmente 4,2 bilhões de cédulas, o equivalente em termos financeiros a R$ 115 bilhões.
Asegunda geração do real vai manter os elementos da efígie da República e dos animais da fauna brasileira, assim como as cores dos modelos atuais. Os aspectos gráficos, no entanto, foram repaginados para facilitar a segurança e autenticidade. O combate às falsificações, inclusive, ganhou destaque com a inclusão de faixas holográficas diferentes e tintas magnéticas e oticamente variáveis, visíveis apenas sob lâmpadas especiais. A autoridade monetária estima gastar R$ 300 milhões com a substituição das cédulas somente este ano.
As dimensões das novas cédulas serão:
2 reais – 12,1cm x 6,5cm
5 reais – 12,8cm x 6,5cm
10 reais – 13,5cm x 6,5cm
20 reais – 14,2cm x 6,5cm
50 reais – 14,9cm x 7,0cm
100 reais – 15,6cm x 7,0cm
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