Noivo se levanta da cadeira de rodas. Cadeirante surpreende convidados na festa de casamento.
Durante a valsa, Hugo se levantou da cadeira de rodas com a ajuda do pai e dos padrinhos, para dançar com a noiva por alguns segundos.
Eles se conheceram em um aplicativo de relacionamento, em junho de 2017. “Instalei um aplicativo de relacionamento por influença de amigos, mas não gostei e desinstalei. Mas, antes disso, conheci o Hugo, foi a primeira pessoa, então trocamos os números e começamos a conversar”, contou.
Ela soube que Hugo era cadeirante cerca de 20 dias depois que começaram a conversar. Ela viu um vídeo dele com uma criança no colo e então soube que ele usava cadeira de rodas.
“Perguntei para ele se ele era cadeirante mesmo e ele confirmou que sim e que entenderia se eu não quisesse mais conversar com ele. A partir daí, fiquei imaginando o quanto ele já tinha sido magoado por outras pessoas e disse que gostaria de conhecê-lo”, disse.
O casal se encontrou algumas vezes e resolveu fazer uma viagem para João Pessoa (PB), pois Hugo tinha vontade de sentir a água do mar novamente.
“Consegui uma cadeira adequada para ele e viajamos. Quando o vi naquele mar, a sensação que tive foi inexplicável. Resolvi que queria alguém como ele na minha vida, alguém que me fizesse bem sempre, como ele me fez naquele dia”, ressaltou.
O pedido de casamento foi feito no dia do casamento da irmã de Cinthia, em abril de 2018. Desde então, começou a planejar o casamento e o futuro deles.
O casal disse que enfrenta muitas dificuldades no dia a dia. Uma delas é o preconceito e a falta de acessibilidade nos locais públicos.
Cinthia e Hugo não tiveram lua de mel, pois, segundo eles, não havia hotéis com acessibilidade para cadeirantes da forma que eles gostariam.
“O mundo não enxerga os cadeirantes como massa consumidora. Não encontramos quartos com acessibilidade com a mesma qualidade dos outros. Quase sempre é um ‘puxadinho’ ou algo bem mais inferior”, disse.
Eles também tiveram dificuldades para encontrar os móveis adequados para a casa deles e até mesmo o terno para o noivo, que precisou ser feito por um alfaiate.
“Tem muita coisa que é difícil para nós. Até mesmo nos restaurantes, na maioria das vezes, o Hugo fica desconfortável na mesa, pois a cadeira não encaixa direito. Hoje o mundo não nos enxerga”, pontuou.
“Quando há falta de informação, a gente explica para as pessoas, não levamos a mal. Já sofremos com a falta de respeito também, quando acontece isso, eu sempre brigo, mas o Hugo não costuma levar a mal”, disse.
Hugo sofreu um acidente de moto em junho de 2014, quando voltava do Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, para a capital. Segundo Cinthia, a moto dele escorregou sobre algumas pedras e ele caiu em uma ribanceira.
A lesão foi grave e Hugo ficou paraplégico.
Ele trabalhava como vendedor em uma concessionária de carros, mas, atualmente, Hugo assessora Cinthia ajudando-a a vender cursos e produtos de maquiagem.
O casal também está abrindo uma escola de cursos de maquiagem, em Cuiabá.
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