Necessidades especiais, produtos próprios. Turismo acessível ganha espaço.
Dados do Censo 2010 indicam que a população brasileira com deficiência intelectual, motora, visual ou auditiva passou de 14% em 2000 para 24% em 2010, totalizando 45,6 milhões de pessoas. No planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa população é de 1 bilhão de seres humanos.
“Há alguns anos, guias rebaixadas, transporte adaptado e educação inclusiva não estavam na agenda de governantes. Hoje, o assunto tem destaque porque interessa a um quarto das famílias do Brasil”, diz a secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella.
Esse crescimento também provoca demanda por serviços e produtos específicos. E foi essa necessidade que inspirou a criação da Arpa – Arquitetura e Projetos para Acessibilidade. “A idéia surgiu depois de levantamento deito durante um curso de pós-graduação, no qual identificamos a falta de arquitetos especializados nesse segmento”, diz o diretor técnico Robson Gonzales.
Criada em 2011, a empresa cresceu 400% no primeiro ano. “Até o momento, o faturamento de 2013 já superou o do ano passado. Além do crescimento exponencial, fomos convidados pela MPh-Group, a mais importante empresa de acessibilidade da Europa, a representa-la no Brasil”, afirma. Gonzales diz que os investimentos em acessibilidade e mobilidade urbana contemplados nas obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), representam um grande avanço na área.
As donas da Talento Incluir, Carolina Ignarra e Tabata Contri, também acharam uma brecha nesse mercado. “Em 2008 criamos a empresa para oferecer palestras de conscientização e serviços de recrutamento de profissionais com deficiência. Nosso atendimento se estende por todo o país e temos grandes empresas, como Ambev, Itaú, Gafisa e Vale, entre nossos clientes”, diz Carolina.
As sócias contam que se conheceram no centro de recuperação de Brasília após sofrerem acidente de moto e carro. “Primeiro nos tornamos amigas e depois sócias”, diz Tabata. Segundo elas, as empresas estão preocupadas em cumprir a lei de cotas, o que impulsiona o crescimento da Talento Incluir. “Às vezes, temos de pisar no freio e parar com campanhas de divulgação, porque ficamos com dificuldade de atender a demanda. Temos bastante mercado”, afirma.
A Auto Escola Javarotti habilita pessoas com necessidades especiais. Segundo a gerente, Luciane Habib, 90% dos clientes são pessoas com deficiência. “Nos tornamos referência no segmento”, diz. A Javarotti possui nove unidades distribuídas na Grande São Paulo e na Baixada Santista.
Crescendo em média 20% ao ano, a Andaluz Indústria e Comércio de Produtos de Acessibilidade foi criada em 2004 com investimento de R$50 mil. “Hoje, somos especializados no desenvolvimento de produtos antiderrapantes e de sinalização tátil, feitos especialmente para pessoas com deficiência visual”, diz o diretor Jair Rais. De acordo com ele, a empresa atende mais de mil clientes e fechou 2013 com faturamento acima de R$3 milhões.
Outro empreendedor cadeirante é o dono da Turismo Adaptado, Ricardo Shimosakai, que presta consultoria de acessibilidade e inclusão nas áreas de lazer e turismo. “Fechei parceria com a Schultz Turismo e a partir de setembro seremos a primeira operadora de turismo adaptado da América Latina”, afirma. Ele conta que, inicialmente, a empresa vai oferecer cinco roteiros nacionais e cinco internacionais.
Demanda
Novos empreendimentos comerciais estão incluindo em seus projetos itens de acessibilidade, o que representa ganho tanto para as pessoas com deficiência quanto para os recintos, que acabam ganhando mais clientes
Formalização
Muitos empresários com deficiência não se formalizam, segundo o Sebrae, por medo de perder o Benefício de Prestação Continuada (BCP). Para solucionar a questão, a entidade encaminhou à frente parlamentar de empreendedorismo uma proposta para que os deputados flexibilizem a legislação, introduzindo faixas de transição. Assim, esses empreendedores deixarão de receber o benefício concedido pelo governo de forma gradual, após avaliação feita por assistentes sociais.
Empregador
Segundo a secretaria da pessoa com deficiência, o Brasil tem mais de 50 mil empregadores com deficiência. Só no Estado de São Paulo são mais de 12 mil empresários gerando postos de trabalho.
Esta matéria foi publicada dia 18 de agosto de 2013 no jornal O Estado de São Paulo, página 4 do caderno Oportunidades.
Matéria completa. ‘Necessidades Especiais, produtos próprios’
Fonte: O Estado de São Paulo
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Republicou isso em Minha Arquitetura Acessivel.
Boa noite. vo cxê tem algum filme com audio descrição. Por favor envie-me. Obrigada.
Olá,
Acesse o canal do YouTude da Turismo Adaptado. Ali encontrará diversos vídeos sobre acessibilidade, inclusive alguns com audiodescrição
https://www.youtube.com/user/turismoadaptado
Ricardo, Qual o link da materia ‘Necessidades Especiais, produtos próprios’ no estadão ? Não consigo localizar obrigado Abs
Creio que essa matéria não foi pra internet, eu transcrevi do jornal impresso para o portal. Mas para que quer o link se a matéria está aqui? Se quer mostrar ou referenciar, indique o portal Turismo Adaptado!