
Milagre na Cela 7. O drama de um homem com deficiência intelectual para provar sua inocência.
Estamos no interior da Turquia, região majoritariamente populada pelos curdos. Lá, uma família bastante unida se diverte e cuida de seus afazeres diários. Ova (Nisa Sofyia Aksongur), uma menina de aproximadamente 7 anos, é a alegria da casa, onde também vivem a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal) e o pai, Memo (Aras Bulut Iynemli). A única diferença nessa família, tão igual a qualquer outra, é que o pai é um homem com deficiência intelectual.
O que todos na vila veem com estranhamento, para Ova é motivo de alegria: para ela, o pai é seu melhor amigo. Só que o diferente também causa repulsa, inveja, raiva, e fica evidente para o espectador que a deficiência de Memo não é bem quista na vila, o que torna a vida dessa pequena família bem difícil. Um dia, um trágico acidente ocorre e Memo é apontado como culpado, sendo confinado no presídio local.
Sinceramente, na primeira cena em que Memo aparece já dá vontade de chorar. Sério. A entrega que o ator Aras Bulut Iynemli confere ao seu personagem é tão fidedigna, que nem por um momento a gente desconfia que o que estamos vendo é atuação. Esse cara é realmente bom, gente, guardem o nome dele! E a sintonia que ele tem com a pequena Nisa Sofyia Aksongur é tão palpável, que imediatamente cria uma conexão ao espectador sobre a profundidade dessa relação pai e filha. Pela excelência do trabalho, os dois estão de parabéns.

Ao dirigir ‘Milagre na Cela 7’ Mehmet Ada Öztekin alterna bem entre o drama e a comicidade para construir uma atmosfera inocente, própria de seus dois protagonistas. E nem por isso é menos duro para quem assiste o filme. Nos remete a premiados longas como ‘O Menino do Pijama Listrado’ e ‘A Vida é Bela’. Embora seja uma refilmagem de um longa sul-coreano, ‘Milagre na Cela 7’ propõe originalidade ao retratar esse drama dentro do universo turco em uma época pré-internet e pré constituição turca sobre os direitos humanos, que sempre viram com distinção os curdos.
Por ser uma refilmagem de uma cultura tão distinta quanto a sua, ‘Milagre na Cela 7’ se mostra um filme de linguagem universal ao dialogar com muita sensibilidade o exclusivismo daqueles que detêm o poder na luta pelo direito à vida e à liberdade de expressão.
O filme já está disponível no catálogo da Netflix desde o dia 13 de Março
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