Mais de um bilhão de pessoas têm algum tipo de deficiência e uma em cada cinco lida diariamente com barreiras intransponíveis, revela um relatório mundial divulgado hoje pela Organização Mundial de Saúde e Banco Mundial.

O primeiro relatório mundial sobre Deficiência (World Report on Disability) estima que entre 110 a 190 milhões de pessoas tenham a vida dificultada por falta de condições. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Banco Mundial (BM) apelam por isso aos governos para que tomem medidas que promovam a integração.

Os investigadores responsáveis pelo estudo consideram que poucos países têm mecanismos adequados para responder às necessidades. Além das barreiras físicas (transportes e edifícios inacessíveis), o relatório aponta o “estigma” e a “discriminação”, a falta de cuidados de saúde e a inexistência de serviços de reabilitação adequados.

Resultado: as pessoas com deficiência têm pior saúde, mais baixo nível educacional, menos oportunidades econômicas e maiores taxas de pobreza do que as pessoas sem qualquer tipo de deficiência.

A aplicação de projetos que facilitem o acesso aos principais serviços e um maior investimento em programas de integração são as propostas feitas hoje pela OMS e pelo BM.

O relatório indica que as pessoas com deficiência têm duas vezes mais probabilidade de encontrar ferramentas inadequadas para os seus cuidados de saúde. No que toca a ver recusado um cuidado de saúde, os investigadores concluíram que os deficientes têm três vezes mais hipóteses de tal acontecer.

Mas é nos países mais pobres que a situação é mais dramática: as pessoas com algum tipo de deficiência têm 50 por cento mais hipóteses de ter “despesas de saúde catastróficas” do que as pessoas sem deficiência. As crianças com deficiência têm menos hipóteses de começar a frequentar a escola e os que estudam acabam por ter menos resultados.

Nos países da OCDE, a percentagem de trabalhadores com deficiência é de 44 por cento, contra 75 por cento de pessoas sem deficiência.

“A deficiência faz parte da condição humana”, sublinha a diretora geral da OMS, Margaret Chan. “Quase todos nós, em qualquer momento da nossa vida, vamos estar temporária ou permanentemente com algum tipo de deficiência. Temos de fazer mais para quebrar as barreiras que segregam as pessoas com deficiências e que em muitos casos os forçam a viver à margem da sociedade”, lembrou.

Já o presidente do grupo do Banco Mundial, Robert Zoellick, sublinhou que apostar na “saúde, educação, emprego e outras necessidades destas pessoas é fundamental para atingir os Objetivos do Milênio”.

A OMS e BM apelam aos governantes dos países para que adotem estratégias nacionais e planos de ação para inverter o atual quadro. Promover ações de sensibilização junto da população e apoiar mais a investigação nesta área são outras das sugestões feitas pelos dois organismos mundiais.

Fonte: Sol

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