A aliança é o bem mais precioso de Luiz Felipe Carvalho. O jovem de 25 anos exibe o objeto com orgulho, mencionando sempre em seguida o nome da noiva (Cícera). A vida matrimonial é apenas um dos motivos pelo qual ele anseia autonomia. Inserção plena na sociedade é o maior deles. Felipe e outras 29 pessoas com Síndrome de Down e deficiência intelectual deram mais um passo nessa caminhada ontem. Eles participaram de um curso de técnicas de cozinha e um concurso gastronômico, realizado pelo Circo Social Uninassau para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Junto às mães e três chefs de cozinha – Diego Cesar Souza, Eduardo Gazal e Marie França – os adolescentes e adultos foram divididos em grupos. A missão era receber uma caixa surpresa com ingredientes e, a partir disso, elaborar um prato para ser julgado. Os chefs foram os responsáveis por selecionar o prato e orientar a participação das mães e dos aprendizes do concurso.
Felipe era um dos participantes mais empolgados. A mãe, a dona de casa Conceição Rodrigues, 50, compartilhava da alegria. Segundo ela, o resultado da aula vai muito além do entretenimento. “Eles gostam de comer muito, então é também uma forma de mostrar que não se pode comer de tudo. É um trabalho diferenciado com relação à alimentação”, afirmou Conceição Rodrigues. Ele adora cozinhar e estava tão participativo na atividade de ontem que relutava em largar as panelas.
A filha da dona de casa Marli Santos, 52, está no Circo Social desde o começo deste ano. Ontem foi a primeira vez que Mikaelly Vitória, 16, aventurou-se na gastronomia de forma profissional. Em casa, a adolescente participa do dia a dia na cozinha, ajudada por uma tia. “Ela fica mais calma, mais paciente. Gosta de fazer bolo, ver programas de culinária na televisão. É bom que eles ganham mais autonomia, pois não estaremos aqui a vida toda”, contou Marli Santos. A preocupação dela era a mesma de muitas mães presentes.
Ao fim do concurso, foi servido um jantar a todos os participantes. O coordenador de responsabilidade social da Uninassau, Sérgio Murilo Júnior, ressaltou que a atividade visa justamente garantir mais autonomia a essas pessoas. “É uma data que lembra a necessidade de inclusão na sociedade, respeitando as diferenças. Estamos querendo proporcioná-los mais independência dentro de casa, na relação com a família. Neste ano, incluímos as pessoas com deficiência intelectual”, afirmou Sérgio.
Fonte: Diário de Pernambuco