José Hamilton Ribeiro. Um dos mais premiados jornalistas brasileiro, teve sua perna amputada cobrindo a guerra do Vietnã.
Paulista de Santa Rosa do Viterbo, 70 anos de idade e 50 de profissão, há 25 anos exerce as funções de repórter e editor do Globo Rural, que o transformou numa referência do jornalismo brasileiro. José Hamilton Ribeiro se considera um repórter por vocação. Por causa de sua obstinação pela notícia, foi muito premiado, acumulando, entre outros troféus, sete Esso de Reportagem, o Prêmio Personalidade da Comunicação 1999 e o título de “rosto do jornalismo brasileiro”, conferido pela revista Ícarono ano passado.
Teve a parte inferior da perna esquerda dilacerada ao pisar em uma mina vietcongue, perto de Quang Tri, durante a cobertura da Guerra do Vietnã para a revista Realidade, em 1968. Como bom contador de histórias que é, o jornalista conta com emoção do trágico episódio ocorrido há quase 40 anos.
– É impossível esquecer aquele dia – disse.
Quando foi cobrir a Guerra do Vietnã, fez um seguro de vida com validade do início de fevereiro até 20 de março. Dia 19, já estava com tudo pronto para voltar ao Brasil, mas o fotógrafo que havia contratado – um japonês chamado Shimamoto – disse que ainda precisava fazer uma foto, de preferência bem dramática, para a capa da revista.
O fotógrafo prometeu que sairiam da zona de conflito antes de expirar o seguro, à meia-noite do dia seguinte. Entendendo o desespero do colega, Zé Hamilton aceitou ficar mais um dia.
Perna foi amputada em um hospital do exército
Os dois repórteres acompanhavam um batalhão de soldados americanos, a 20 quilômetros a sudeste de Quang Tri, perto da zona desmilitarizada, quando Zé Hamilton pisou em uma mina, escondida no solo. – De repente me senti no ar. Quando me dei conta, estava sentado no chão envolto em fumaça. Procurei meu intérprete, um americano de origem mexicana, e não o vi. Pensei que o rapaz tivesse morrido. Só aí senti que minha perna esquerda puxava. Olhei e não havia mais o pé.
Só alguns minutos depois começou a doer. Os enfermeiros estavam ocupados com os outros feridos. Finalmente me amarraram a perna acima do joelho com um torniquete. O sangue estancou. José Hamilton foi transportado de helicóptero para o Hospital Cirúrgico de Quang Tri, onde a perna esquerda foi amputada pouco acima do tornozelo. Ele resistiu bem à operação.
Seus outros ferimentos eram leves: algumas escoriações na perna direita e no braço esquerdo. O resto do corpo, intacto. Ainda no hospital, recuperando-se da cirurgia de amputação na perna, José Hamilton recebeu a visita do encarregado de negócios do Brasil em Saigon, Rogério Corção. O jornalista disse-lhe que, tão logo pudesse sentar-se na cama, escreveria sua reportagem, que seria ilustrada com fotos de seu próprio acidente, feitas pelo fotógrafo japonês. Shimamoto finalmente conseguiu a foto dramática para a capa, que tanto queria.
Fonte: Ortopédica Catarinense
Compartilhe
Use os ícones flutuantes na borda lateral esquerda desta página
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
3 Comentários
Enviar um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Artigos relacionados
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista.
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista. Uma iniciativa internacional abraçada pelo SBT no Brasil.
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
aquela reportagem na amazônia onde a comunidade estava abrindo uma estrada como sera que esta hoje
Qual é a reportagem Eugenio, coloque aqui para nós
Profissional nota 10