Jardim sensorial em Campinas usa sons, cheiros, texturas e cores
Um jardim feito para provocar não só os sentidos, mas também as emoções –das quase desagradáveis às mais prazerosas– foi aberto hoje no interior de São Paulo.
O projeto, que faz parte das celebrações dos 38 anos da Ceasa Campinas, é do paisagista Raul Cânovas. Seu criador pretende ir mais fundo na ideia de jardim sensorial.
“Normalmente o que você encontra é aquela história dos cheiros: colocam manjericão, tomilho e orégano. Mas isso é pouco, é quase uma horta. Eu quis colocar, além dos aromas, texturas, sons, sensações espaciais. E significado. Um jardim para quê?”, pergunta Cânovas.
A resposta, segundo o paisagista, é criar um espaço para o visitante descobrir como encontrar alívio físico e espiritual na natureza. E abrir o leque de opções para as pessoas apreciarem um jardim: quem não vê toca, cheira, escuta; quem não ouve olha, mexe, experimenta.
Mas quem está esperando um jardim “bonitinho e arrumadinho” vai se decepcionar. Um ambiente com todos os componentes relaxantes de praxe (luz, música e aromas sempre suaves, objetos macios e confortáveis) também não está no programa.
PRETO, PEDRA E LIXA
A entrada do jardim dos sentidos é provocativa: a cor predominante é o preto, o piso é de pedra britada e carvão e há biombos revestidos com papel de lixa.
Ali foram colocadas plantas com folhagem escura, puxando para o tom de vinho, e berinjelas (pretas, um pouco amargas). O aroma é algo parecido com arruda, “um cheiro que não é dos mais simpáticos”, segundo o paisagista.
A escolha de estímulos desagradáveis é proposital. “O começo é quase lúgubre, é para a pessoa passar e não se sentir bem, para depois ir entrando em espaços gradativamente mais agradáveis”, diz Cânovas.
Esse trecho do jardim, com cerca de três metros de comprimento, tem caminhos amplos (para facilitar a passagem de cadeirantes), mas todos são retos e com ângulos acentuados. “A linha reta fere como uma faca”, na opinião do paisagista.
O passeio então começa a se tornar mais suave. Surgem algumas curvas e um pouco mais de luz. É o espaço de transição.
Os pilares e os vasos, que na entrada eram pretos, ganham um tom amarelo-esverdeado. O ambiente é composto por uvas e hera. O aroma faz a pessoa se sentir melhor, sem ser doce. É um cheiro como o do limão, que dá a sensação de limpeza e frescor.
CURVAS E LUZ
A sequência serve para aumentar o impacto sensorial do terceiro e último trecho do jardim. Nessa parte, o deslocamento dos visitantes é feito por caminhos curvos, fluidos como água e vento. A luminosidade é total: as colunas são brancas, e os biombos, revestidos com cascas claras e macias de árvore, agradáveis ao toque.
Em meio à folhagem de um verde bem claro estão alguns nabos brancos e muitas margaridas. O aroma é doce, floral, e a trilha sonora é de música barroca.
Fecha-se o ciclo do jardim sensorial. “O espaço desperta emoções, no início contraditórias, e então as equilibra. Isso tem um efeito terapêutico: acalma a pessoa muito agitada, anima aquela mais deprimida”, afirma Cânovas.
SERVIÇO
Onde: Ceasa Campinas – rodovia D. Pedro I, km 140,5, Campinas, SP
Quando: 9/4 a 13/4
Horários: 13h às 16h (terça e quinta); 8h às 16h (quarta e sábado); 8h às 12h30 (domingo)
Visitas monitoradas: agendamento pelo telefone 0/xx/19/3746-1047
Fonte: Folha de São Paulo
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