Jardim Botânico de Campinas promove visitas ao Jardim Sensorial
Localizado em pleno Jardim Botânico, na Fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o caramanchão delimitado por corrimões de bambu chama a atenção do visitante. No espaço, com mais de 30 espécies de plantas ornamentais, aromáticas e medicinais, as pessoas podem tocar todas as plantas, cortar as folhas para sentir melhor o cheiro e até saborear as espécies comestíveis.
A novidade, também conhecida como Jardim Sensorial, foi pensada para aproximar o ambiente de pessoas com deficiência visual e auditiva ou não. As plantas estão identificadas com placas que trazem informações científicas, nomes populares e aplicações de cada espécie. O nome aparece grafado em braile. Às pessoas com visão normal a proposta é que façam o percurso com os olhos vendados para, no final, descrever em desenho ou com palavras as sensações vivenciadas no caminho.
Consciência ambiental
Todo o percurso pelo Jardim Sensorial é acompanhado por monitores não só do IAC, mas também de voluntários de diversas instituições como Centro Cultural Louis Braille de Campinas, Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores, Unicamp e PUC-Campinas. A vivência da pessoa com deficiência em contato direto com a natureza permite que ele desenvolva a consciência ambiental, além de uma mobilização maior diante das questões de preservação.
A aluna Regina Malaquias, deficiente visual, que lê e escreve em braile, a princípio não tem muita dificuldade em identificar o alecrim, nem a menta. “Morei em fazenda e conhecia bem as ervas medicinais, os temperos, como o poejo, a cebolinha, o orégano. Não conhecia o algodão, nunca tinha tocado, a impressão que se tem é que os chumaços foram colocados um a um na árvore. Desconhecia, também, o girassol, adorei. O tour vale a pena mesmo, até para quem enxerga.” Ela também ficou fascinada com o piso de casca de amendoim.
Para todos
A visita ao espaço dura, em média, 30 minutos. Está aberta a pessoas de todas as idades, independentemente de ter ou não deficiência visual ou auditiva, oriundas de todos os grupos sociais, e àqueles que desenvolvem algum tipo de reabilitação para o portador de necessidades especiais.
A ideia amadureceu em novembro do ano passado, após o IAC participar do projeto Reviva o Rio Atibaia, que mobilizou quase quatro mil pessoas em Sousas, distrito de Campinas. Na ocasião, foi montado um Jardim Sensorial numa tenda. Com olhos vendados, as pessoas eram convidadas a sentir plantas e temperos, por meio do tato e olfato e depois descrever as sensações obtidas.
Tecnóloga em saneamento ambiental pela Unicamp e integrante da equipe do IAC, Ana Carol Fantin conta que a iniciativa surpreendeu e despertou grande interesse de adultos e crianças. “Mais de 350 participantes escreveram mensagens, algumas surpreendentes até. Crianças, por exemplo, quando em contato com o orégano, o associavam a pizza, salgadinhos, mas nem faziam ideia de como era a planta. A maior parte delas remetia àquilo que ingerem, ou seja, a vivência urbana dos alimentos”.
Fonte: O Serrano
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