Já passou da hora. Sem barreiras: eventos esportivos fazem repensar termos de mobilidade.
Quando se pensa em turismo, contáveis são os destinos que, num primeiro traçar de roteiro, podem ser listados como adequados, também, a pessoas com algum tipo de deficiência ou limitação física (caso de muitos idosos). Às vésperas de acolher grandes eventos como Copa do Mundo (2014) e Olimpíada (2016), o Brasil vem repensando termos como acessibilidade e mobilidade. Ao mesmo tempo, a crescente demanda dos viajantes impeliu o trade turístico a provocar os profissionais do setor a adequar roteiros e serviços. Prova disso? Em novembro passado, o tema ganhou destaque no 24° Festival do Turismo de Gramado (Festuris), que teve um salão específico com expositores ligados ao turismo acessível.
“Vimos acompanhando feiras internacionais e detectando, há pelo menos cinco anos, esse nicho de mercado que é o turismo acessível. A Feira Internacional de Turismo de Madri (Fitur), por exemplo, apresenta destinos adequados há tempos. Aqui, ainda engatinhamos. Com a aproximação de grandes eventos internacionais, inclusive a Paralimpíada de 2016, que virão na sequência da Olimpíada, nossa preocupação teria de ser ampliada, principalmente, quando se pensa em infraestrutura. Os estrangeiros procuram destinos acessíveis”, explica Marta Rossi, organizadora da Festuris.
Houve participação de representantes do Ministério do Turismo em workshops de capacitação de agente de viagem para atendimento à pessoa com deficiência. “Uma oportunidade interessante de aprendizado e revisão de condutas”, considera Marta.
Entre os palestrantes do congresso, destaque para o turismólogo e blogueiro Ricardo Shimosakai, que dirige a agência Turismo Adaptado (o blog é homônimo), empresa que comercializa pacotes de viagem personalizados para pessoas com deficiência e que podem incluir desde passeios convencionais a experiências de ecoturismo e esporte de aventura.
Viajante inquieto, Shimosakai conta que, em 2001, aos 24 anos, depois de levar um tiro num sequestro relâmpago, tornou-se paraplégico e cadeirante. Nem por isso deixou de extrapolar fronteiras. Montou a própria agência após ter sido rejeitado por uma agência convencional e conquistou um público crescente. Já visitou mais de dez países, incluindo boa parte da Europa e também sítios arqueológicos como os de Machu Picchu, no Peru, que conta com guias treinados para conduzir pessoas com deficiência.
Destinos brasucas e paradisíacos como Fernando de Noronha (PE), Foz do Iguaçu (PR) e Itacaré (BA), também não escaparam a Shimosakai, defensor da filosofia “turismo para todos”.
“Os lugares que eu cito como um exemplo na organização do turismo e também na acessibilidade são Nova York e Barcelona. Este último foi sede da Paralimpíada, aliás, e organizou o evento com muita qualidade. Há preparo para pessoas com diferentes tipos de deficiência (física, visual, auditiva e intelectual)”, aponta.
Fonte: Gazeta de Piracicaba
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