Igreja do Nosso Senhor do Bonfim – a tradição da Bahia acessível à pessoas com deficiência
Uma das mais tradicionais igrejas da Bahia, a do Bonfim possui uma rampa de acesso para pessoas com deficiência. A obra que representou um investimento de mais de R$ 56 mil cumpre as determinações da Lei de Acessibilidade, como é conhecido o Decreto-Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004. A legislação regulamenta o atendimento às necessidades específicas de pessoas portadoras de deficiência no que se refere a projetos de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenha destinação pública ou coletiva.
De acordo com o secretário de desenvolvimento urbano, Afonso Florence, a rampa vai garantir mais dignidade aos portadores de necessidades especiais. Mais uma vez o governo Wagner se preocupa com o cumprimento das leis federais. “Esta rampa atende a uma legislação de acessibilidade e é isso que buscamos garantir o direito de ir e vir do cidadão baiano”, disse.
Construída em estilo neoclássico com fachada em rococó, a igreja do Senhor do Bonfim está localizada na Sagrada Colina, na península de Itapagipe, em Salvador. É lá que são distribuídas as famosas Fitinhas do Bonfim. A fita original foi criada em 1809, tendo desaparecido no início da década de 1950. Conhecida como medida do Bonfim, o seu nome devia-se ao fato de que media exatos 47 centímetros de comprimento, a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, postada no altar-mor da igreja mais famosa da Bahia.
A imagem do Nosso Senhor do Bonfim foi trazida em razão de uma promessa feita pelo capitão-de-mar-e-guerra da marinha portuguesa, Theodózio Rodrigues de Faria, que, durante forte tempestade prometeu que se sobrevivesse traria para o Brasil a imagem de sua devoção. Assim, em 18 de abril de 1745, réplica da representação do santo existente em Setúbal foi trazida de Setúbal, terra natal do capitão, e abrigada na Igreja da Penha até o término da construção da Igreja do Senhor do Bonfim. Em 1754, a parte interna da Igreja do Senhor do Bonfim foi finalizada e as imagens transferidas para lá em procissão, onde foi celebrada missa solene. A iluminação era feita através de lampiões até que em junho de 1862 foi implantada a iluminação pública, feita com lâmpadas de gás carbônico. As instalações elétricas realizadas em 1902 foram mantidas até 1998, quando a igreja foi restaurada.
A igreja ficou conhecida pela tradicional lavagem das escadarias que já ocorre há mais de 260 anos, onde baianas lavam com água de cheiro os seus degraus. Tudo começa com uma procissão desde a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia, até ao Bonfim. Uma grande massa humana acompanha a festa. Pela grande tradição, uma modificação das escadarias para implantar a acessibilidade seria complicado, mas sempre há outros meios de se fazer isso.
A lavagem da Igreja teve início em 1773, quando os integrantes da “irmandade dos devotos leigos” obrigaram os escravos a lavarem a Igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim, no segundo domingo de janeiro, depois do Dia de Reis. Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá. A Arquidiocese de Salvador, então, proibiu a lavagem na parte interna do templo e transferiu o ritual para as escadarias e o adro. Durante a tradicional lavagem as portas da Igreja permanecem fechadas durante a lavagem – as baianas despejam água nos degraus e no adro, ao som de toques e cânticos africanos
Fonte: SETUR Bahia
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