De longe, paciente sobre a cadeira de rodas, o pernambucano de Concórdia Antonio Silvino, de 80 anos, observa a gigante que ajudou a construir. Ex-barrageiro de Itaipu, seu Antônio pôde relembrar muitas histórias durante uma visita especial que ele e outros 15 idosos do Lar dos Velhinhos de Foz do Iguaçu fizeram à Itaipu.
Logo cedo, a comitiva foi recebida pelos profissionais do Complexo Turístico de Itaipu (CTI) no cinema do Centro de Recepção de Visitantes (CRV), para assistirem ao vídeo institucional de Itaipu. Depois, foram para o ônibus turístico para iniciar o passeio.
A risonha Olendina Carlos da Silva, 74 anos, e as amigas fizeram questão de subir as escadas para aproveitar a vista no segundo andar do ônibus. “Aqui a gente pode ver melhor”, disse. Olendina já conhecia Itaipu, mas, segundo suas próprias palavras, “passear nunca é demais”.
O ônibus seguiu o roteiro normal da visita panorâmica, passando pelo Parque da Piracema. Nas caixas de som, o guia Gustavo explicava as dimensões do canal da Piracema e o seu uso, tanto para pesquisas científicas quanto para práticas esportivas.
No mirante do vertedouro, a primeira parada. Os passos lentos e cadenciados marcaram a saída do ônibus do grupo especial. De longe, os visitantes não tinham noção do tamanho de Itaipu. Quer dizer, um deles tinha: “Na minha época, isso aqui parecia um formigueiro humano”, contou seu Silvino, dedo em riste.
Foto de despedida junto ao ônibus acessível que proporcionou um passeio panorâmico por Itaipu
No Mirante Central, nova parada. A comitiva do Lar dos Velhinhos foi aplaudida pelos outros turistas que visitavam Itaipu. Um tributo à história. Foi o que disse ao microfone o ex-barrageiro Luciano Luiz da Luz, operário entre 1976 e 1982 nas obras de Itaipu e, há três anos, guia turístico no CTI. “Tinha que valer a pena abandonar amigos e a nossa cidade natal para trabalhar aqui”, refletiu Luciano. “E valeu”.
Para ele, trabalhar como guia turístico é recompensador. “È o melhor salário que eu já recebi porque ele traz junto satisfação, reconhecimento e valorização”, disse. Assim como seu Antonio Silvino, Luciano foi um dos 120 mil trabalhadores que, em diferentes épocas, passaram por Itaipu. “Alguns baldes de concreto eu deixei ali”, brincou.
O ônibus continuou a volta passando pelos condutos forçados e atravessando o túnel do vertedouro. Depois, continuou pela crista da barragem, onde os visitantes puderam apreciar o Lago de Itaipu. A última parada foi na barragem de enrocamento.
“As pessoas têm que se lembrar que todos vamos ser velhos um dia”, disse o assistente da coordenação do Lar dos Velhinhos, o uruguaio Gualberto Cuenca, lembrando a data de 1º de outubro, o Dia do Idoso. “Obrigado aos amigos de Itaipu que nunca se esquecem de prestigiar a gente”, concluiu.
Fonte: H2Foz