Guia Orientador para a Acessibilidade de Produções Audiovisuais
Sou de uma geração que não só presenciou as drásticas transformações pelas quais passou nosso país, mas que muito contribuiu para que essas transformações fossem operadas. Falamos, lutamos, esbravejamos, apanhamos, morremos, para que todos e todas tivessem vez e voz; para que o acesso à informação e a livre expressão fossem direitos indiscutíveis.
Durante 30 anos na Cinemateca Brasileira, alguns como diretora, vi nosso cinema ressurgir após um período de violenta e espúria censura, que impedia o direito da expressão pela arte. Arte essa que tomou conta de grande parte de minha vida e pela qual sou apaixonada. Mas agora, na Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, me deparo com uma estranha realidade, que, apesar da liberdade de expressão, financiamentos, patrocínios, produções independentes, nosso cinema ainda continua tendo acesso negado a uma boa parte da população brasileira; aquela de pessoas com deficiência sensorial, ou seja, visual e auditiva.
Quantos de nós já nos demos conta que a comunidade surda de nosso país só tem acesso ao cinema nacional pelo DVD, pois não lhes é dada opção de legendas ou janela de LIBRAS nas exibições em salas de cinema? Ou quem já se perguntou como um cego pode ter acesso ao conteúdo de um filme sem ser pelos diálogos e efeitos sonoros? Quem já fechou os olhos e tentou entender toda uma sequência sem falas? Se por um lado tenho orgulho de ver um país livre de censura, por outro me dói perceber que o acesso continua negado a pessoas só porque têm uma deficiência.
Minha luta hoje, na SAV, é pela defesa de que todas (e não algumas) produções audiovisuais tenham acessibilidade garantida e possam ser apreciadas (ou não) por quem quer que seja. Daí a iniciativa deste Guia Orientador, que traz parâmetros para os recursos de acessibilidade de audiodescrição, legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) e janela de LIBRAS. A intenção é que produtores, diretores, críticos e todos os interessados possam aplicar ou avaliar os recursos em produções audiovisuais seguindo um padrão de qualidade que possa atender a comunidade de pessoas com deficiência visual e auditiva de nosso país.
É importante que se tenha em mente que um recurso de acessibilidade bem empregado faz com que a produção audiovisual chegue às pessoas com deficiência com qualidade e possa ser experenciada com prazer, entretenimento, crítica. Um recurso bem empregado traz à tona a apreciação e discussão da obra, e não do recurso em si.
A audiodescrição, a LSE e a janela de LIBRAS exigem profissionais gabaritados, sensíveis à arte, pois são responsáveis por garantir uma experiência estética aos usuários.
Termino aqui a apresentação deste Guia Orientador, ressaltando que foi elaborado por uma equipe voluntária de professores e profissionais estudiosos e atuantes na área da acessibilidade, frisando, ainda, que os parâmetros sugeridos aqui foram testados e revisados por pessoas com deficiência visual e auditiva, seguindo o lema “Nada sobre nós sem nós!”.
Para baixar o documento completo, clique em GUIA ORIENTADOR PARA A ACESSIBILIDADE DE PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS
Fonte: Blog da Audiodescrição
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