Na tarde da última sexta-feira (14), ocorreu no Hotel Serra Azul, um painel com debate sobre o projeto de recurso de acessibilidade na narração de áudio visual de filmes. A palestrante Marilaine Castro da Costa fez a abertura do painel explicando os objetivos e o porquê de oferecer acessibilidade: “garantir um direito, valorizar a capacidade e as habilidades de cada pessoa; serviço para todos, pensando em cada um, criar um diferencial e garantir mais clientes”, enfatizou Marilaine. A palestrante falou que produzir recursos de acessibilidade é uma grande responsabilidade e é essencial, para quem trabalha neste meio, ter domínio das técnicas e conhecer a obra.
O segundo palestrante, Bruno Klein, falou dos 5 filmes que já possuem audiodescrição: “O Saneamento Básico, O Homem que Copiava, Tropa de Elite, O Tempo e o Vento e Os Dois Filhos de Francisco. Klein salientou que para produzir a acessibilidade leva um período de duas semanas e meia. Durante o debate foi comentado que o custo que se tem nestas produções não é o que impede as grandes produtoras cinematográficas do produzir mais filmes nesse aspecto. No filme “O tempo e o vento” a produção custou cerca de R$ 3 milhões de reais e somente 0,02% foi gasto com a áudio descrição e LSE. O palestrante ainda fala: “o grande empenho e desafio da Som da Luz (empresa especializada neste tipo de acessibilidade) é dar continuidade a este projeto”.
A palestrante Marcia Caspary reflete sobre o lema: “Nada sobre nós sem nós, a ideia comunica que nenhum resultado a respeito das pessoas com deficiência haverá de ser gerado sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência”. Ela ainda comenta que desde o final do ano de 2013 e início de 2014, empresas trouxeram aplicativos estrangeiros que sincronizam a áudio descrição, ao filme, seja onde ele rodar, na tela do cinema, TV ou computador. São eles: Movie Reading da Iguale Acessibilidade (funciona sem acesso à internet) e Whatscine da Mais Diferenças (necessário wifi, não aceita internet móvel). “Acessibilidade não é para agradar, ela é lei, é necessária”, destacou Márcia.
Felipe Mianes, é usuário, pesquisador e consultor de áudio descrição. Mianes comenta que “temos 45 milhões de pessoas com deficiência, uma fatia de 23,9% da população, ou seja, um mercado de clientes”. Ele também afirma que “todos nós seremos usuários de áudio descrição um dia e que não se faz áudio descrição somente para um ou outros, devemos lembrar que é para nós mesmos. Temos que pensar em todos, não só nas pessoas que possuem smartphone, internet e com auto poder aquisitivo; não podemos dar acesso excluído pessoas, isso deve ser Universal. Ele ainda comenta que patrocinar áudio descrição liga as marcas”.
Mimi Aragan, a penúltima palestrante comenta que “ o festival de Gramado vem abrindo as portas e inserindo a acessibilidade na sociedade da mesma forma que acontece em Brasília. Em quatro anos de amostra competitiva são mais de 200 pessoas que vem de três municípios gaúchos para a cidade de Gramado como espectadores, e quando estas pessoas chegam no Festival são muito aplaudidas pelo público. O Diretor da ACERGS (Associação de cegos do Rio Grande do Sul), Rafael Martin dos Santos, também usuário, foi o último a falar no evento “estou feliz pela maturidade das pessoas que estão aqui discutindo milhares de formas, alternativas e possibilidades de levar acessibilidade aos usuários. Precisamos assecibilizar as coisas, agregar valor”, destacou o diretor.
Na tarde de sábado (15), no Palácio dos Festivais foi exibido o filme “Tropa de Elite 1” com áudio descrição, com o objetivo de exemplificar o tema debatido no dia anterior. Durante o Festival, a produção “A Oeste do fim do Mundo” foi exibida com áudio descrição.
Fonte: Feevale