Férias com crianças deficientes. Acessibilidade desde a infância.
Lazer é direito constitucional. O turismo é uma das melhores formas de diversão também para a criança com deficiência, embora ela não possa contar com um serviço especializado no Brasil. “O país ainda está engatinhando nesse setor. O que temos são alguns profissionais com boa vontade, que tentam buscar os melhores locais para o cliente especial. É preciso que tenham quartos adaptados, portas largas, locais com rampas, calçamentos lisos, elevadores e outros serviços”, diz Roberto Belleza, consultor na área de viagens e turismo adaptado, que é tetraplégico há sete anos. “As melhores condições de acesso, transporte e atendimento estão nos Estados Unidos e nas principais capitais européias, mas os resorts nordestinos já caminham nessa direção, com construções mais acessíveis”, diz o consultor.
Se a família pode pagar, Belleza lembra que os cruzeiros marítimos, feitos por modernos transatlânticos, são ótima opção para os portadores de deficiência motora e sensorial. “Esses navios oferecem todas as condições. Os pais só precisam elencar as dificuldades do dia-a-dia com a criança para checar as facilidades que podem encontrar na viagem. E não devem pagar mais por esse serviço. Lazer é direito de todos”, alerta Belleza.
Programa dos sonhos
Letícia Paula Silveira já foi guia turística, profissão que facilitou o lazer para a filha Pricila, 11 anos, que tem síndrome de Down. “Nós já fomos à Disney seis vezes. É sem dúvida o programa dos sonhos de qualquer criança, mas é um lugar especial pelo cuidado que têm com o deficiente. A diversão é garantida.” A menina também conhece o Hopi Hari, no interior de São Paulo, e o Beto Carrero World, em Santa Catarina. “As viagens aumentaram muito a auto-estima de Pricila. Ela se sente participante do mundo como qualquer outra pessoa. Até quis aprender inglês”, conta Letícia.
Ana Elizabeth Noll viaja freqüentemente com o filho Denis, portador de paralisia cerebral, desde os 3 anos. “Já fizemos muitos passeios pelo Nordeste brasileiro e também no exterior”, conta. Por causa dessas experiências — o garoto está com 18 anos –, ela virou especialista nas falhas e eficiências do turismo para a criança especial. Em 2001, foi chamada para participar da atualização do Manual de Recepção e Acessibilidade da Embratur, destinado à indústria turística. Seu conselho aos pais de deficientes: “Não esperem por um turismo adaptado. Viajar com a criança especial provoca as mudanças”.
Roteiro simples
Quando as finanças da família não permitem ir longe, pequenos passeios podem alegrar a criança do mesmo jeito. Tábata, 7 anos, não enxerga, mas anda a cavalo em chácaras, nada na piscina de clubes e visita animais no zoológico. “Com 1 ano e meio, quando ela começou a andar, é que me dei conta do lazer. Não sabia onde poderia levá-la. Descobrimos aos poucos”, conta a mãe, Neide Rodrigues. Nestas férias, a família pretende percorrer de carro o litoral carioca. O próximo projeto é deixar Tábata ir a um acampamento. “A convivência com pessoas desconhecidas será um estímulo para sua independência. Ela poderá se sentir querida pelos outros”, acredita Neide.
Turismo adaptado
Além dos Estados Unidos, o país mais preparado em turismo para crianças especiais, Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, Suíça e Austrália destacam-se nas facilidades, segundo avaliação de Janaki Nayar, representante da Society for Acessible Travel & Hospitality (SATH), uma organização não-governamental com sede em Nova York, que trabalha para promover a melhoria das condições de acesso e atendimento para pessoas com deficiência e idosos no turismo mundial. Segundo ela, na América do Sul, os parques nacionais da Patagônia, no Chile, e Machu Pichu, no Peru, são bastante acessíveis. “Nesse lugares, há pessoas treinadas para receber os portadores de deficiência. Buscamos agora patrocínio para avaliar o Brasil”, diz. A SATH publica a revista trimestral Open World (Mundo Aberto em inglês), que dá dicas de roteiros adaptados. “A publicação não mostra a beleza dos lugares, e sim a experiência da pessoa com deficiência, que orienta como chegar a tal destino”, explica Janaki.
Pais ficam de for a Colônia de férias, acampamentos, passeios ao boliche, cinema e teatro, são programas que algumas iniciativas isoladas oferecem à criança com deficiência, como a Colônia de Férias Tempo Feliz, da Apae, no Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Ela está aberta a qualquer criança. Detalhe: nessa programação os pais estão de fora. “Gostei muito de ir para colônia de férias. Fiz muitos amigos e me senti independente”, conta Francine Machado, 12 anos, deficiente física. Outro programão é sair com o Nossa Turma Lazer Programado, em São Paulo. Entre os passeios, estão idas a shows, museus, hotéis-fazenda, parques aquáticos e temáticos, como Beto Carrero e Hopi Hari. “Nosso foco é o portador de deficiência mental. Usamos lazer e cultura como forma de entretenimento, para que ele forme a sua turma”, diz Carlos Eduardo Hernández, coordenador geral do projeto.
Onde ir:
Casarão San Domingo (colônia de férias) – Guararema – SP – (11) 3284-0511
http://www.casaraosandomingo.com.br/
Colônia de Férias Especiais Tempo Feliz — Apae do Balneário Camboriú – SC – (47) 367-0636
http://balneariocamboriu.apaebrasil.org.br/
APABB (em 14 estados, com sede em São Paulo — lazer, acampamentos e colônia de férias
(11) 3105-4214/3439 – www.apabb.com.br
Projeto Carona — lazer e cultura – (11) 3814-4162
www.projetocarona.com.br
Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (IBDD).
No site www.ibdd.org.br acesse o link serviços para ver padrões de acesso
Society for Accessible Travel & Hospitality (SATH) — Nova York, EUA – www.sath.org
[email protected]
Madurodam (cidade em miniatura da Holanda) www.madurodam.nl
Disney – www.disney.com.br
Beto Carrero World, em Santa Catarina – www.betocarrero.com.br
(11) 3081-9544 (SP)
(47) 261-2354 (SC)
Betinho Carrero, em São Paulo, www.betinhocarrero.com.br – (11) 5506-7415
Hopi Hari – www.hopihari.com.br – (11) 3058-2207 (SP)
Fonte: Revista Crescer
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Solicito informação sobre operadoras de turismo que operam neste segmento, sou agente de viagens e tenho interesse em oferecer este tipo de serviço especializado.
Olá Marcos, a Turismo Adaptado também trabalha com agenciamento de turismo acesível. Quando quiser, entre em contato através do email [email protected]
Obrigado
Tenho um filho de 3 anos com PC e ele esta inteiramente incluido nas atividades da familia. Pois não adminto que meu filho sofra qualquer tipo de preconceito nem no meio da familia nem fora dela. No ano passado viajamos para Aracajú e foi umas das melhores esperiencia que vivi com ele porque conviver com uma pessoa deficiente é ter uma vissão de vida diferenciada dos demais. A nossa sessibilidade é mais agussada para sentimos as emoçoes de uma forma que outros não conseguer sentir.Quando ele tocou pela a primeira vez a areia e sentiu as ondas do mar o soriso que ele deu foi a coisa mais linda desse mundo! como é bom e maravilhoso ser mãe de um filho ESPÈCIAL!
A sociedade brasileira está aos pouco se acostumando a lidar com pessoas com deficiência. Mas ainda não conseguimos encontrar facilmente um serviço de qualidade. É necessário um serviço especializado por pessoas que realmente conheçam acessibilidade, e forma adequada de atendimento. Estamos trabalhando para disseminar isso no mercado turístico, e temos programas que trazem acessibilidade com qualidade aos produtos e serviços turísticos, porém ainda há resistência do mercado. Quanto mais os próprios usuários cobrarem isso das empresas melhor será a repercussão.
Você tem razão Ricardo, e no interior então nem se fala, ainda encontramos mães que se envergonham de ter filhos com deficiencia, pessoas que acham os nossos filhos coitadinhos, ainda termos um longo caminho a percorrer aqui. Ainda luto contra o preconceito em questão da acessilidade a minha cidade tem evoluido aos poucos nas vias principais temos rampas de acesso o centro também mundou sua cara os donos de lojas já estão com uma nova vissão, eu consturmo falar para eles onde a cardeira do meu filho não entra eu também não vou. A decisão é deles ou coloca rampas ou perde clientes.
Aonde você mora Silvania? Imagino, pois eu moro em São Paulo, que ao meu ver é a cidade mais acessível do Brasil, mas ainda assim vejo muita coisa para fazer. Tudo isso vem num crescente, com mais locais acessíveis, teremos mais pessoas com deficiência nas ruas e estabelecimentos.