Faltam modelos de carro para adaptação no Brasil
A pessoa com deficiência pode comprar qualquer tipo de carro, não há restrições, deste que sejam adaptados caso necessário. Para quem quer comprar um carro com isenção de impostos, as opções já são mais restritas. O automóvel deverá ser de fabricação nacional (ou Mercosul), com valor de até R$70.000,00 (incluindo os tributos incidentes). Mas isso são regras, e não dizem respeito ao carro em si.
Dependendo da adaptação, ela pode ser instalada em qualquer carro. Os prolongadores de pedais, utilizados por anões e pessoas de baixa estatura, a alavanca de aceleração e freio manual, para pessoas que não possuem movimento e coordenação nas pernas e até a direção adaptada para os pés, para quem não possui os braços.
Algumas pessoas só podem dirigir carros automáticos, como eu (Ricardo Shimosakai) que possuo lesão medular e por isso não conseguiria controlar os três pedais do carro manual (acelerador, embreagem e freio) e trocar a marcha com as mãos. A obrigação para a escolha de carros automáticos, restringe ainda mais, porém ainda há várias opções.
Existe um tipo de adaptação eletrônica, instalada no câmbio do carro manual, onde você aperta um botão na própria marcha, e ele automaticamente aciona a embreagem para liberar a troca da marcha. Mas para o meu caso não é viável, pois como só tenho o controle nas mãos, e uma delas precisa estar no volante e a outra na alavanca de aceleração e freio, não poderia soltar um desses controles para trocar a marcha.
Eu percebi esse problema quando estava na Rehacare na Alemanha, a maior feira de acessibilidade do mundo. Na seção dos automóveis, a maioria deles era adaptado para entrar com a cadeira de rodas. Prestando atenção, entendi que isso era possível principalmente por causa que no exterior existem modelos de carros mais amplos. Esses modelos maiores, semelhantes ao que conhecemos no Brasil como “peruas”, lá fora são chamados de “mini-vans”.
Atualmente, os únicos carros adaptáveis para isso são o Fiat Doblô e a Chevrolet Spin. Já existe até adaptações em que o cadeirante consegue entrar e dirigir o carro sem sair da cadeira de rodas. E não são fabricantes diferentes da que já existem no Brasil, veja a foto principal da matéria por exemplo, é um modelo da Toyota chamado Sienna. Porém não está disponível aqui, nem como importado, como muitas vezes acontece em lançamento de novos modelos. Trazer um carro do exterior é algo bastante burocrático e caro.
Então a crítica colocada nesta matéria, é para este último segmento de carros. Tenho certeza que poder optar por um modelo mais amplo facilitaria muitas pessoas, principalmente aquelas que possuem dificuldade para fazer transferências. Ajudaria também aqueles que, mesmo sem possuir uma deficiência, preferem ou precisam de carros mais amplos, para carregar materiais ou pessoas. Uma opção intermediária, não tão grande como uma van, porém mais espaçosa do que os tradicionais carros de passeio.
Compartilhe
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
8 Comentários
Enviar um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista.
Teleton AACD. A pessoa com deficiência como protagonista. Uma iniciativa internacional abraçada pelo SBT no Brasil.
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
Parabéns pela matéria, quem sabe um dia teremos mais modelos no brasil. Acabei de adquirir o Spin com rampa p/ C.R. Primeiro tive que economizar muito (+- 78 mil), segundo a buroclasia (6 messes espera).
Vale a pena ??? Sim vale muito, liberdade de ir e vim a hora que vc quiser sem depender de mais de uma pessoa. Mas tem seu preço, que ao meu ver é muito caro. No Estados Unidos vc compra um modelo semelhante o da matéria por 20 mil dolares, usado é claro. É caro ??? Eu te digo que ñ, pq lá as pessoas ganham em dolares. Eu e minha esposa tivemos que economizar durante uns 4 anos p/ poder adquirir o Spin, isso pq a adaptação financiamos pelo Banco do Brasil no plano BB Crédito Acessibilidade. No EU compraria em um ano.
No caso o problema é o Brasil, impostos absurdos. Se os impostos baixassem, a burocracia diminuísse, e o salário aumentasse, estaríamos bem melhor. Assim funciona em muitos países. Não só para questão do carro, mas para comprar o básico, que é uma cadeira de rodas, por exemplo, nem todos conseguem facilmente. Mas também não estou jogando culpa no governo, pois o próprio brasileiro é problemático, onde muitos roubam, mentem e são egoístas. Por causa do comportamento de nosso povo, tudo isso de ruim que citei são consequências.
Parabéns pela reportagem Ricardo. Infelizmente no Brasil quem poderia nos ajudar no feijão com arroz do dia a dia, a Senadora Mara Gabrilli, cuida de interesses muito fora de alcance para nós mortais.
Mara Gabrilli nem ninguém, nunca vão conseguir atender todas as necessidades de todas as pessoas. Considero que ela tem lutado bastante pelos direitos da pessoas com deficiência, e com vários resultados. Considerando que não é fácil ter sucesso na política, pois as coisas não dependem só dela. Mas quem sabe, como você citou no “feijão com arroz”, deveria lutar pelas coisas mais básicas e importantes. Se for pegar exemplos do exterior, quando uma pessoa adquire uma deficiência e se torna cadeirante, ela ganha uma boa cadeira de rodas do governo. Teoricamente deveria funcionar aqui também, através do SUS, mas sabemos que é difícil e as cadeiras tem baixa qualidade.
Verdade. Eu e minha irmã usamos cadeiras de rodas e estamos lutando para conseguir um carro de passeio que leve duas cadeiras…IMPOSSÍVEL NO BRASIL!!! Porque a tecnologia estrangeira em tanta dificuldade para chegar no Brasil? Não existe incentivo nenhum do governo. Sofro com essa frustração à anos.
Nesse caso não é uma dificuldade de tecnologia, mas sim de mercado. Não é questão do governo dar incentivo, mas das montadoras querer vender os modelos aqui no Brasil. Este é o primeiro passo.
Matéria sensacional e reflete exatamente o que passamos aqui no Brasil.
A KIA tem a mini van Carnival que daria para adaptar, CARÍSSIMA, mas seria uma opção.
Saberia informar se temos uma empresa aqui no Brasil que consiga fazer esse tipo de adaptação igual ao Toyota Sienna na capa desta matéria?
Os únicos carros nacionais possíveis de adaptação, são o Fiat Doblô e a Chevrolet Spin. Mas a Doblô é adaptada somente para plataformas, já a Spin tem um modelho onde através de uma rampa traseira, você pode entrar com sua própria cadeira e até dirigir sentada nela. Para algo parecido na foto são carros maiores como mini van.