Exposição para deficientes visuais. Eu visitei uma exposição no Instituto Tomie Ohtake da 8ª Edição do Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel. O local tem uma boa acessibilidade, inclusive foi um dos locais pesquisados no meu trabalho de conclusão de curso da graduação em turismo, onde eu escrevi sobre a acessibilidade para cadeirantes em centros culturais da Zona Oeste de São Paulo. Passado um bom tempo, o local continua bom, mas precisa de algumas atualizações de acessibilidade. Inclusive possui problemas externos, como uma passagem bloqueada.
Na sala de exposição, encontrei vários problemas, principalmente para pessoas com deficiência visual. Uma coisa que me deixou incomodado, é que nenhum dos premiados tinha um bom projeto com acessibilidade, o que seria algo obrigatório para obras arquitetônicas, principalmente por se tratarem de espaços públicos. O Instituto Tomie Ohtake deveria colocar a acessibilidade como item obrigatório para a inscrição dos trabalhos, e também como critério de avaliação para a premiação.
Exposição para deficientes visuais
Num canto da sala, colocaram alguns Códigos QR para acessar materiais de audiodescrição. O problema é a localização disso, pois essa parte fica no final da exposição. Não havia exatamente uma ordem ou caminho, mas intuitivamente, os visitantes entram pela porta mais próxima, que não é aonde fica esse canto da acessibilidade. Isso deveria estar próximo à primeira porta, pois assim o visitante ficaria sabendo desde o começo, e não no final, como aconteceu comigo.
Mas o problema não para por ai, se for considerar uma exposição para deficientes visuais. Elas dificilmente saberiam que os recursos de acessibilidade existem, afinal a informação é totalmente visual, escrita na parede, então somente um acompanhante que enxerga, conseguiria saber que isso existe. A informação precisa estar mais acessível a esse público. Primeiro, deveria ter isso no site da instituição, na descrição da exposição, e de lá mesmo, ter um acesso aos links da audiodescrição. Assim o visitante com deficiência visual, já vai sabendo que a exposição é acessível e como ele vai poder ter as informações dela.
A exposição para deficientes visuais possuía um material impresso em Braille e letras ampliadas com contraste, o que é muito bom, segundo as próprias pessoas com deficiência visual. Elas dizem que audiodescrição é ótima, mas ir até o local somente para ouvir áudios, isso poderia fazer de casa. Então o local precisa ter recursos táteis, ou uma visita guiada, coisas que só encontraria no local, e que dão uma experiência muito mais rica, complementares à audiodescrição. Para cegos, a interatividade tem um valor ainda maior. Alí havia maquetes, mas o toque não era permitido. Uma visita guiada com audiodescrição e recursos táteis, seria uma das melhores experiências.
É importante em uma exposição para deficientes visuais, considerar as pessoas com baixa visão, que muitas vezes não são lembradas nos projetos de acessibilidade. Os textos em bom tamanho e com contraste, pintados na parede, são ótimos para facilitar a leitura, de qualquer um, na verdade. Mas algumas pessoas com baixa visão, necessitam de uma ampliação ainda maior, e daí aproximar o rosto da parede e correr pela extensão do texto, além de desconfortável é constrangedor.
Atualmente, os aparelhos celulares podem ajudar muito, pois tirando uma foto do texto, é possível ampliá-lo e levar para onde quiser, ou até convertes em áudio. Mas é preciso pensar que nem todos tem um aparelho celular, ou ele pode estar com algum problema, então o local deve estar preparado para receber o visitante com baixa visão, sem contar com seus recursos pessoais. Por isso a importância de um material impresso com letra ampliada e contrastante, assim o visitante pode aproximá-lo do rosto, caminhar pela sala de exposição com ele, e sem causar incômodos ou constrangimentos.
Se você prestou atenção no artigo, percebeu que a análise da acessibilidade que eu faço do local e da exposição, pensando em uma exposição para deficientes visuais, sejam cegas ou baixa visão, é com foco na funcionalidade. Qualquer projeto precisa do elemento funcionalidade, pois se fazer um projeto puramente normativo, a probabilidade de encontrar erros depois é grande, assim como aconteceu comigo. Para que isso não aconteça, contrate um profissional experiente para prestar uma consultoria, verifique os trabalhos que ele já realizou e veja o que as pessoas comentam sobre o serviço dele.
Eu presto consultoria em acessibilidade e inclusão, como um especialista em acessibilidade desde 2004, e coloco à disposição o portfolio dos meus trabalhos, inclusive já participei de projetos de exposição para deficientes visuais, e todos podem conferir os comentários das próprias pessoas com deficiência em minhas redes sociais, como no meu perfil do Instagram, no meu canal do YouTube, além do meu blog. Meu trabalho se baseia na prática, e leva em consideração a opinião de inúmeras pessoas com diferentes tipos de deficiência.
Toda essa experiência, eu também compartilho ensinando em meus cursos online e presencial, além das aulas, onde sou professor de cursos de Graduação, Pós-Graduação e MBA. Já palestrei em todos os estados brasileiros e diversos países do exterior, compartilhando minhas ricas experiências com a acessibilidade e meu método de trabalho. E como também foi citado no artigo, eu valorizo muito o atendimento, e por isso dou treinamentos que elaboro para atividades específicas, para que elas sejam totalmente inclusivas.
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