Órgãos, ossos, células, animais estão a mostra no projeto.
Projeto traz peças para deficientes visuais tocarem e conhecerem.
Você conhece tudo o que existe dentro do corpo humano? Se a resposta é não, a exposição “Corpo Humano: da célula ao homem” promete te mostrar. Idealizada pelo professor de anatomia e neuroanatomia Athelson Bitencourt, a mostra entra em cartaz a partir de terça-feira (30), no Palácio Anchieta, em Vitória. A entrada é gratuita e a exposição fica até agosto no local.
A visita é um convite para ver cerca de 280 peças, entre exemplares de ossos, espécimes naturais mumificadas, plastinadas ou fixadas em formol, réplicas realísticas de fósseis de hominídeos e animais pré-históricos, e modelos anatômicos didáticos de órgãos e sistemas.
Ela reflete o trabalho de oito anos do professor Bitencourt, que atua na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) coordenando o laboratório Museu de Ciências da Vida (MCV). Apaixonado pelo estudo do corpo e da evolução, ele acredita que a exposição permitirá com que outras pessoas conheçam mais sobre si mesmo e sobre outros animais.
“Nós queremos levar o visitante a uma viagem que vai do DNA até o corpo na sua complexidade total. Temos um grande acervo, inclusive com peças que são réplicas perfeitas sobre o processo de evolução, importadas do Estados Unidos. Esse conjunto é inédito no Brasil, acredito que ninguém tenha uma coleção tão completa quanto a nossa”, contou Bitencourt.
Outro ponto inédito dessa exposição é um dos processos utilizados para a conservação das peças: a plastinação. Ela consiste na retirada água do corpo e substituição por um resina, isso faz com o material nunca mais se decomponha.
O professor aprendeu a técnica no Estados Unidos e a desenvolve no laboratório da universidade. Uma das vantagens desse processo é que ela permite que pessoas com algum tipo de deficiência visual também possam enxergar à própria maneira cada parte do corpo humano.
“A plastinação não deixa componentes químicos, então ela permite que um deficiente visual por exemplo, toque em uma peça real, como um cérebro. Ele não pode vê-lo, mas irá sentí-lo. Na nossa exposição nós temos várias assim, mas as que não são, ou seja, que são conservadas em outros processos, também possuem uma réplica feita em outro material para que todos possam ter essa experiência”, completou Bitencourt.
Uma das peças mais interessantes da exposição é o corpo humano dissecado, vertical, fixado em formol. Ele é resultado de um trabalho feito em 2000 horas pelo professor. Com ele, é possível conhecer todos os músculos superficiais do corpo humano. Além dele, o sistema nervoso central do ser humano também terá destaque, resultado trabalho realizado em 1500 horas.
De acordo com o professor, nos oito anos de projeto, foram investidos R$1,7 milhão. “É um projeto vindo do dinheiro público, é especialmente para o público. Estou muito feliz por ele ter chegado nesse nível de exposição. E daqui para frente, o obejtivo é só evoluir, o projeto é uma unidade viva que encanta desde crianças de três anos de idade a adultos”, contou.
A mostra também vai oferecer oficinas aos visitantes, dentre elas, a montagem de um corpo, montagem de esqueleto humano e a montagem de um quebra-cabeça com radiografias reais de um esqueleto humano adulto.
Inclusão
Para garantir uma locomoção segura e o mais independente possível, o espaço expositivo terá sinalização podotátil, orientando o deficiente visual no trajeto lógico e adequado dentro da exposição.
Cada peça ou experimento que permitir a interatividade tátil e audível será sinalizada em Braille. Estas adequações garantirão ao deficiente visual o acesso a uma área do conhecimento que para maioria deles era inacessível até então.
Serviço
Exposição científica “Corpo Humano: da célula ao homem”
Data: 30 de junho a 30 de agosto
(A abertura da exposição acontece no dia 30 de junho às 19h, com noite aberta ao público.)
Local: Espaço Cultural Palácio Anchieta
Horário: Terça a sexta – 9h às 18h.
Sábado – 9h às 17h
Domingo – 9h às 16h
Fonte: G1