Expectativa é de uma Vila Olímpica com mais acessibilidade no Rio 2016
Ganhador de duas medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos com a seleção brasileira de futebol de 5 (para deficientes visuais), o ala direito Jefinho, de 23 anos, espera uma vila olímpica com mais acessibilidade na Paralimpíada do Rio, em 2016. O atleta, eleito melhor do mundo em 2010, reclamou da “falta de independência” para os deficientes visuais nos Jogos de Londres, onde o Brasil conquistou o bicampeonato.
“Faz falta poder sair para caminhar e ir ao restaurante sem precisar da ajuda de alguém. Pode parecer uma coisa mínima para quem tem a visão, mas para nós é importante”, disse o jogador, que participou na segunda de um workshop promovido pelo Comitê Organizador Rio 2016. “Faltou sinalização e o restaurante, por exemplo, ficava muito longe dos apartamentos”, afirma Jefinho, que perdeu a visão depois de um glaucoma quando tinha 7 anos.
Segundo a assessoria de imprensa das empresas Carvalho Hosken e Odebrecht, responsáveis pela construção da Vila dos Atletas para os Jogos de 2016, “todo o complexo está projetado de acordo com as normas internacionais de acessibilidade para portadores de necessidades especiais”. Na “Ilha Pura”, nome dado ao novo bairro onde será erguida a Vila, os atletas e paratletas ficarão “próximos de tudo”, segundo as empresas; e “vão poder se locomover com mais facilidade”.
PATROCÍNIO
Natural de Candeias (BA), Jefinho mora até hoje na cidade, a 46 km de Salvador, com a mãe e o irmão mais velho, de 26 anos. Ele treina no mesmo lugar onde conheceu o futebol de 5, o Instituto de Cegos da Bahia. Seu técnico, Gerson Coutinho, não lhe poupou elogios: “Existem atletas e jogadores. O Jefinho é um atleta. Não bebe, não fuma e é muito disciplinado. É um cara caseiro e, se quiser, vai jogar fácil mais 15 anos.”
Mesmo depois do segundo ouro seguido, o jogador continua à procura de patrocínio. Para treinar, Jefinho recebe somente o auxílio do Bolsa Atleta, desde 2008. Antes, nem isso. O ala, no entanto, está confiante. “As mudanças estão acontecendo. Aos poucos, as coisas estão melhorando”, diz. “Estamos na expectativa de um patrocínio da Caixa (Econômica Federal) aos jogadores”.
A Caixa informou que patrocina o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2004 e o repasse para os atletas fica a cargo (e critérios) do CPB. Para os próximos quatro anos, Caixa e comitê fecharam contrato que prevê investimentos de R$ 120 milhões até 2016 em 13 modalidades paralímpicas e, individualmente, “cerca de” 50 atletas. Segundo o CPB, a verba para o futebol de 5 será repassada à Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais, que por sua vez fará repasses individuais aos paratletas – e Jefinho estará entre os contemplados.
APOIO
Já Dirceu Pinto, de 32 anos, ganhador de quatro medalhas paralímpicas de ouro na bocha (duas em Londres; duas em Pequim), vive situação um pouco diferente de Jefinho. Além da Bolsa Atleta, ele integra o Time São Paulo Paralímpico (desde 2011) e recebe patrocínio da Caixa (desde o mês passado). O paratleta fundou em 2011 seu próprio clube em Mogi das Cruzes, onde atualmente 61 atletas treinam 10 modalidades paralímpicas, como natação, atletismo e basquete em carreira de rodas.
O projeto é em parceria com a prefeitura da cidade, mas o salário de professores e equipes sai do bolso de Dirceu. “Conseguimos o patrocínio de uma empresa local que dá salário e plano de saúde para os 61 atletas”, conta o paratleta, que aos 26 anos teve diagnosticada distrofia muscular de cinturas. “Ainda falta atenção ao esporte paralímpico, mas, quando comecei, há 10 anos, era só por amor, nem sonhava em estar com essas medalhas no peito”, conclui.
Fonte: Estadão
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