Entenda o que é capacitismo. Cunhado ainda em 1991, nos Estados Unidos, o termo capacitismo (ableism, em inglês) pode ser definido como ‘preconceito contra pessoas com deficiência. Esta é uma atualização que faço aqui da descrição publicada pelo U.S. News & World Report, de acordo com o Online Etimology Dictionary. Outro dicionário mais popular, complementa dizendo que o capacitismo pode se efetivar através do discurso de que essas pessoas são anormais ou incapazes, em comparação com o que é social e estruturalmente considerado perfeito. Em meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão, falo sobre as questões de inclusão e equidade, para que o aluno entenda o que é capacitismo
Entenda o que é capacitismo
O capacitismo pode ser demonstrado através de palavras e atitudes, pode ser até entendido com outra palavra moderna, o bullying, mas especificamente às pessoas com deficiência. Tudo isso é um problema muito antigo, mas que só agora com um maior destaque na sociedade, ganhou uma definição e nome específico. Algumas frases capacitistas como “pensei que você era normal”, “não pensei que você era capaz disso” ou “seu problema não tem cura?”, rebaixam a pessoa com deficiência quando sugere que a deficiência é algo ruim.
Para que você entenda o que é capacitismo, também é quando você, mesmo sem querer pensa que está elogiando a pessoa, como por exemplo, “apesar de deficiente, você faz muita coisa”, “ela é um exemplo de superação” ou “eu tenho dois braços e duas pernas e não consigo fazer o mesmo”, mas no fundo quer parabenizar ou elogiar a pessoa, pois pensou que ela era incapaz. Se não tivesse uma visão inferior da pessoa, não ficaria espantado.
Ultimamente, as piadas tem causado bastante problemas, quando direcionadas à pessoa com deficiência. No meu ponto de vista, não há problemas em fazer piadas com as pessoas com deficiência, mas isso é assunto que vale um artigo exclusivo, então vou deixar as reflexões de lado e ir direto aos fatos. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) acionou o Ministério Público de São Paulo contra o comediante Bruno Lambert que fez a seguinte piada: “Você já comeu uma cadeirante? Eu também não. Sabe por quê? Porque não dá. Coloquei ela de quatro, ela murchava. Aí, você tinha de pegar ela aqui, abaixar, parece CrossFit, entendeu?”.
Bianca Sessa, participante da 3ª temporada de “Casamento às Cegas”, surgiu abalada em suas redes sociais após compartilhar um vídeo em que o humorista Marcelo Duque debocha do fato de Bianca ter ido a um reality para se casar sendo que não possui a mão esquerda, onde a aliança do casamento deveria ficar. Eu costumo soltar algumas piadas em minhas palestras, relacionadas à pessoa com deficiência, mas sem inferioriza-la.
O capacitismo é considerado crime, apesar do termo não contar literalmente na Lei de nº 13.146 de 2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão (LBI), ela cita atos discriminatórios:
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do agente.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio de meios de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do material discriminatório;
II – interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na internet.
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido.
Já prestei consultoria para avaliar o texto de materiais escritos que seriam publicados nas redes sociais, onde encontrei termos e atitudes capacitistas, então acabei evitando confusões ao corrigir o material. Para que não haja perigo, em cometer esse tipo de gafe, ter a orientação de um especialista é a melhor opção, não só para evitar coisas ruins, mas para encontrar os melhores caminhos para obter os melhores resultados. É diferente fazer algo para não dar problema do que fazer algo para ser um sucesso.
Mas para mim, ainda há o que eu chamo de capacitismo oculto, que é quando o preconceito e discriminação acontecem de forma escondida, sem as pessoas saberem. Eu mesmo já fui vítima de capacitismo, que descobri somente depois. Fui recusado em uma entrevista de emprego, mas tudo bem, poderia não estar adequado ao que a empresa queria. Porém depois fiquei sabendo, que apesar do meu perfil ser muito bom para o cargo, não me contrataram porque duvidaram da minha capacidade de me locomover até o trabalho, e na época não tinha carro e dependia de transporte público, que não era muito bom em acessibilidade.
Então meu corte para a vaga, foi discutido entre eles, mas não chegaram a perguntar para mim, como eu faria para ir até o serviço. Presumiram uma incapacidade da minha parte, e por isso fui negado. Por isso, é importante também, que a própria pessoa com deficiência entenda o que é capacitismo.
Eu compreendo que lidar com as diferenças é relativamente algo novo para a sociedade, principalmente no Brasil, porém o que não aceito, é que as pessoas, empresas e governo não façam nada ou muito pouco para mudar isso. A diversidade é um assunto que deveria ser tratado na escola e faculdades, para a formação do caráter de um cidadão.
Eu não canso de falar, que as faculdades deveriam obrigatoriamente ensinar sobre acessibilidade, inclusão, pessoas com deficiência, pois seja em qual curso for, seja arquitetura, turismo, administração ou seja qual for, em algum momento esse futuro profissional, irá encontrar uma situação em que vai precisar lidar com esses assuntos, e se não estiver preparado, problemas graves podem ocorrer.
É fundamental que um profissional entenda o que é capacitismo e saiba como evitá-lo. Eu dou treinamento para empresas, para que isso seja compreendido entre o funcionário, seja para lidar com algum trabalhador com deficiência interno da empresa, ou para lidar com o público, um cliente com deficiência.
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