Encontro sobre acessibilidade em Recife reúne gestores da cultura
Roteiro de reflexões abordou as barreiras ainda existentes entre arte e público
O SESC Casa Amarela abriu as portas do Teatro Capiba para o I Encontro Interno sobre Acessibilidade da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife – FCCR. Gestores de equipamentos – museus, memoriais, teatros e cinemas – e de serviços destinaram tempo para refletir sobre adaptações e mudanças nas estruturas e atitudes necessárias para que a cultura do Recife esteja à disposição de todos. Para entrar no teatro, foram formados grupos com dez pessoas.
Convidadas a usar vendas nos olhos, viveram uma rápida experiência de perda de visão ao longo da rampa de acesso, onde precisaram enfrentar obstáculos táteis. A partir daí, o roteiro de reflexões preparado e orientado pelos professores Fabiana Tavares e Ernani Ribeiro levou o grupo a conhecer e refletir sobre as diferentes barreiras existentes entre as representações nas linguagens artísticas e públicos com necessidades e limitações também diversas.
Como tornar a arte acessível a todos? Essa foi a pergunta que pontuou o encontro. Durante a palestra, Fabiana frisou que existem seis tipos de barreiras entre a arte e o público, mas destacou a importância da atitude de cada um. “É preciso extinguir as barreiras atitudinais. Elas estão no centro de tudo, pois partem das pessoas e afetam seu comportamento e tomada de decisões profissionais”, explica.
Para responder à pergunta, Maria José da Rocha acredita que “É importante a escuta das pessoas para conhecer as suas necessidades. Precisamos fazer um seminário para que eles falem o que acham e do que precisam em termos de serviços, que apontem nossas deficiências, para que possamos fazer essa inclusão. Já incluímos diversos públicos: gays, lésbicas, negros. Talvez seja necessária uma conferência com esse público”. Maria é responsável pela mobilização e articulação comunitária do Programa Multicultural na RPA 4.
Ao longo do dia, os gestores puderam expressar suas preocupações, cada um com barreiras próprias a serem derrubadas. O Gerente de Serviços do Centro de Design do Recife, Adeildo Leite, falou das dificuldades existentes para atender pessoas com deficiência física devido à severa inclinação da escada, único meio de acesso à galeria e ao auditório do equipamento. “Nem uma rampa fixa podemos para dar acesso ao térreo, pois o Pátio de São Pedro é todo tombado como patrimônio”, explica.
Um tipo de barreira, entretanto, surgiu como unânime para todos os presentes: a comunicacional. Existem vários recursos, chamados de tecnologias assistivas, para derrubar essa barreira. A palestra da tarde foi sobre esse assunto: comunicação com surdos através da interpretação em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e com cegos e pessoas com baixa visão através da áudio-descrição de obras de arte, desde pinturas a cinema, dança, etc. Praticamente todos os equipamentos carecem de pessoal qualificado em Libras e têm recebido surdos constantemente. Um desejo expressado por várias pessoas nesse momento foi aprender a língua de sinais.
Presente durante todo o evento, a Diretora de Desenvolvimento e Descentralização Cultural da FCCR, Luciana Veras, tranquilizou os gestores com a garantia de que serão planejadas adaptações para todos os equipamentos e eventos. “A Secretaria de Cultura e a Fundação são sensíveis à causa da acessibilidade e vamos promover mudanças dentro do possível para promover o acesso de todos à cultura. Não se trata apenas de oferecer banheiros químicos adaptados a deficientes físicos, o que já estamos fazendo, mas pensar nas necessidades de todos e nas particularidades de cada deficiência”, garantiu.
Fonte: Prefeitura do Recife
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