Empresários adaptam hotéis para atrair turistas

por | 17 set, 2013 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Empresários adaptam hotéis para atrair turistas. Vinicius Schmidt é jornalista, tem deficiência física e por anos teve problemas para se locomover na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) pela má qualidade das calçadas e falta de rampas de acesso para cadeira de rodas. Ele é um dos 45,6 milhões de portadores de deficiência que vivem no Brasil, de acordo com senso de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para atender às necessidades destes indivíduos foi criado o Decreto 5296/04, que determina adequações arquitetônicas que possibilitem a locomoção de todos. Porém, mesmo com amparo legal, isso nem sempre é respeitado.

Diversas áreas do mercado e empreendimentos têm investido para oferecer um diferencial a esse público, alguns até tornando-se exemplos dessas especificações. Um deles é o Hotel Le Canard, com unidades em Lages, Joinville e Caçador. Além de corredores largos, os elevadores são maiores e há rampas que facilitam a locomoção. Também há quartos com portas mais largas, barras laterais e vaso sanitário elevado.

“Toda a adaptação para pessoas portadoras de necessidades especiais já foi feita no momento da construção os hotéis. Nossos engenheiros projetaram e detalharam todas as especificações técnicas, bem como nos orientaram quanto à fiscalização”, explica Rebeca Ziemath, representante da rede de hotéis. Com uma média de 20 hóspedes portadores de necessidades especiais por semestre, o Le Canard busca “receber com cuidado e excelência qualquer tipo de público que tenha interesse em nosso produto”.

Entretanto, o mais comum é a falta de acessibilidade. Santa Catarina é um dos Estados que peca nesse quesito e não oferece serviços suficientes às pessoas com necessidades especiais, segundo o organizador do Fórum de Turismo Acessível em Florianópolis, Carlos Cappelini.

Como está sempre viajando, Cappelini conhece as dificuldades pelas quais as pessoas com diferentes deficiências passam. “A maior parte dos hotéis e pousadas não é acessível. Partes destes locais foram adaptadas, a maioria delas de forma inadequada e sem cumprir o que determina o decreto”, afirma.

O jornalista Josué da Rosa Coelho, que apresenta o programa “Igualdade no Ar”, na TV Câmara, é deficiente visual e viaja com frequência. Para ele, falta sempre o diferencial. No ano passado, houve uma conferência do Conede (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência) em Santa Catarina e o evento foi realizado em um hotel na praia dos Ingleses, em Florianópolis, com cerca de 400 pessoas. Naquela ocasião, foi colocada uma madeira numa das escadas de acesso, na porta. Improvisaram uma rampa. “Imagina o transtorno”, relembra.

A acessibilidade para pessoas cegas, segundo Josué, depende mais da boa orientação dos funcionários do empreendimento. “Eles precisam estar aptos para tratar com naturalidade o cliente com deficiência. Este, a meu ver, é um dos principais diferenciais. Costumo pedir, quando faço a reserva, um quarto perto do elevador que seja amplo. Os corredores precisam facilitar o acesso tanto do cego quanto do cadeirante”, afirma.

Oferecer sinalização em braille nos botões dos elevadores é outra adaptação que deveria se tornar regra. “E, se possível, implantar um sistema de voz para avisar os andares, fechamento e abertura de portas”, observa o jornalista.

Já para Vinicius, a acessibilidade é mais complicada. “Na hora de encontrar um hotel tenho que pesquisar muito, de hotel em hotel, já que não existe um banco de dados com essas informações. Quanto aos locais em que fiquei, no Rio de Janeiro, São Paulo e Lages, sempre foram satisfatórios”, diz. Além de hotéis, o Decreto 5296/04 também estabelece que locais turísticos (edificações de uso coletivo) também sejam adaptados, porém isso nem sempre é respeitado.

Sobre Florianópolis, uma cidade que atrai muitos turistas e congressos, Vinicius considera péssima a qualidade de calçadas e transporte, tornando impossível para uma pessoa com deficiência movimentar-se sem um acompanhante ou auxílio. “Não vejo a cidade bem adaptada para receber portadores de necessidades especiais, mas espero que daqui pra frente me provem o contrário”, afirma.

Capellini esclarece que já existem medidas sendo tomadas para melhorar esta situação. “Em março, a ABIH-SC assinou um protocolo de intenções para o desenvolvimento do Programa de Acessibilidade em Meios de Hospedagens de Santa Catarina. Está é um projeto pioneiro e que deverá mudar a realidade do turismo no Estado”, destaca. “Será um divisor de águas quando pelo menos 30% dos meios de hospedagens de SC se adaptarem”.

Fonte: economiasc

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