Empinando a cadeira de rodas. A cadeira de rodas possui quatro rodas, geralmente duas rodas grandes traseiras e duas rodas menores dianteiras. O diâmetro das rodas dianteiras de cadeira de rodas manuais, pode variar entre 3 a 8 polegadas. Existem também as opções de rodas maciças ou infláveis. Ainda há outras variações, mas os modelos citados são os mais comuns encontrados.

Não é difícil encontrar buracos, rachaduras, pedras ou mesmo texturas de piso densas no meio do caminho que atrapalham a rolagem da cadeira de rodas. Nada disso facilita, mas o tamanho da roda dianteira é a parte que mais cria dificuldade no enfrentamento desses obstáculos. Isso é mais fácil perceber, observando que as rodas grandes traseiras não sofrem tanta resistência, enquanto as rodas pequenas dianteira, sempre acabam travando nos buracos e outras irregularidades.

Para driblar essa dificuldade, a opção mais prática é aprender a empinar a cadeira de rodas, tirando o contato do piso, das rodas dianteiras. Eu tive dificuldade para aprender no começo, até que dois colegas cadeirantes tetraplégicos, me mostraram que era somente uma questão de habilidade, não é necessário força, e com treino eu acabaria conseguindo. E fui o que fiz, com segurança, dando leves empinadas, fui buscando o pondo de equilíbrio até ganhar confiança e conseguir ficar alguns segundos empinado. Depois aprendi a rodas empinado e ficar empinado por longo período.

A habilidade em empinar me ajuda muito em inúmeras situações, todo cadeirante deve aprender a empinar, isso deveria estar até nos exercícios de reabilitação. Quando eu rodo, não preciso parar para passar por um pequeno degrau, eu continuo rodando ao mesmo tempo que dou uma leve empinada, e isso aumenta muito meu desempenho para rodas por diferentes locais. Sem essa habilidade, teria que parar a cadeira de rodas para tentar passar pelo degrau, em dois processos diferentes. Imaginando que os pisos estão cheios de degraus e buracos, imaginem quantas paradas eu teria que realizar no meio do caminho.

Imagine então, quando o obstáculo não é pontual, como um buraco ou degrau, mas todo o piso é irregular como aqueles lugares cheio de pedrinhas, aquelas calçadas portuguesas feitas com pedras juntadas como um quebra-cabeça ou pisos mal-conservados, como o que encontrei no Parque do Ibirapuera e mostro no vídeo abaixo. Se não bastasse isso, ainda temos que enfrentar diferentes texturas e densidades que “agarram” a roda, como os pisos com grama, terra, a areia da praia, ou aqueles tapetes grossos.

Em várias situações, é claro que isso poderia e deveria ser evitado, pois tem a ver com as obrigações de acessibilidade. Mas infelizmente não dá para contar com a ética e respeito de todos, então a forma mais prática é aprender a driblas esses obstáculos, e por isso a minha dica para aprender a empinar a cadeira de rodas.

Essa técnica serve tanto para o cadeirante, que é a pessoa que conduz sua própria cadeira de rodas, como também para cuidadores e acompanhantes, ou qualquer outra pessoa que queira ajudar a conduzir a cadeira de rodas. Já ensinei isso bastante em treinamentos para guias de turismo. Além disso, isso vai ajudar e entender melhor o equilíbrio do seu corpo em relação à cadeira de rodas, o que ajuda a ter mais segurança. Posso dizer que depois que aprendi a empinar, me senti mais seguro e quase nunca mais caí da cadeira de rodas.

Em minha consultoria em acessibilidade, eu oriento como eliminar todos os obstáculos citados acima, que nos forçam a empinar a cadeira de rodas, afinal além de desconfortável, essas barreiras também podem ser perigosas. No meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão, mostro as necessidades das pessoas com deficiência para que o aluno possa compreender a importância da acessibilidade e a razão de certas técnicas. Não deixe de me seguir no perfil do Instagram e no canal do YouTube, aproveite para curtir e comentar, pois assim também irá aprender muito.