Dorina Nowill – Homenagem à uma mulher de visão
A pedagoga Dorina Nowill morreu dia 19 de agosto por volta das 19h30, aos 91 anos. Ela estava internada havia 15 dias por conta de uma infecção e teve uma parada cardíaca fulminante. Cega desde os 17 anos por conta de uma infecção ocular, Dorina criou uma fundação com seu nome que tinha como objetivo produzir e distribuir livros em braille para que deficientes visuais como ela pudessem estudar. Casada havia 60 anos com Edward Hilbert Alexander Nowill, Dorina deixa cinco filhos, 12 netos e três bisnetos.
Segundo sua neta Martha Nowill, 29, o velório está marcado para as 8h desta segunda-feira (30) na seda da fundação, localizada na Zona Sul de São Paulo. o enterro será terça-feira (31), no cemitério da Consolação (região central de SP). Martha se despediu da avó anteontem e disse que ela estava consciente, mas com dificuldades para falar.”Ela disse que estava em paz. Minha avó é uma grande inspiração para mim”, disse.
Ao invés de lamentar esta perda, vamos conhecer sua história de vida e relembrar as realizações que esta grande pessoa fez para a sociedade, e que com certeza ainda terá continuidade através da Fundação Dorina Nowill.
Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São Paulo em 1919 e ficou cega aos 17 anos devido a uma patologia ocular. Dotada de uma inteligência brilhante, decidiu continuar seus estudos. Entretanto, naquela época, os estudantes deficientes visuais não tinham acesso à cultura e à informação devido à falta de livros. Por esta razão, em 1946, Dorina e um grupo de amigas criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, organização que, em 1991, recebeu seu nome pelo merecido reconhecimento do seu trabalho. A professora Dorina foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo, numa escola comum.
Ainda estudante, conseguiu que a Escola Caetano de Campos implantasse o primeiro curso de especialização de professores para o Ensino de Cegos em 1945. Após diplomar-se, viajou para os Estados Unidos da América, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano, pela Fundação Americana para Cegos e pelo Instituto Internacional de Educação para freqüentar um curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Columbia. Retornando ao Brasil, dedicou-se ao trabalho pioneiro da Fundação, a implantação da primeira imprensa braille de grande porte no país e foi responsável pela criação na Secretaria da Educação de São Paulo do Departamento de Educação Especial para Cegos.
Com o seu empenho, a educação para cegos se transformou em atribuição do Governo quando, em 1953, em São Paulo, e em 1961, na Capital Federal, o direito à educação ao cego foi regulamentado em Lei. No período de 1961 a 1973 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil, criado pelo Ministério da Educação, Cultura e Desportos. Dorina realizou programas e projetos que implantaram serviços para cegos em diversos estados do país e eventos e campanhas para a prevenção da cegueira. Foi presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos desde 1951 onde ocupou o cargo de Presidente Emérita e Vitalícia.
Em nível internacional, trabalhou com organizações mundiais de cegos e órgãos da ONU, como representante do Brasil. Ocupou importantes cargos em Organizações Internacionais de Cegos. Em 1979, foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos. Em 1981, Ano Internacional da Pessoa Deficiente, Dorina falou na Assembléia Geral da ONU. Dorina também trabalhou intensamente para a criação da União Latino Americana de Cegos – ULAC. Em 1989, outra vitória: o Congresso Nacional ratificou a Convenção 1599 da OIT, que trata da reabilitação, treinamento e profissionalização de cegos, resultado de mais uma luta de Dorina, que havia começado 18 anos antes, com o primeiro centro de reabilitação criado pela Fundação.
O reconhecimento mundial da atuação da professora Dorina em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual é concretizado por meio de inúmeros prêmios, condecorações, títulos, comendas e outros concedidos por organizações do mundo todo, pelo governo brasileiro e por organizações brasileiras. Publicou sua autobiografia em 1996.
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