Seu nome é José Geraldo de Souza Castro, mas é como Zé do Pedal, cidadão honorário de Viçosa, que o ativista social, ambientalista e ciclista de 57 anos rodou mundo e vem fazendo história. Quando resolveu que iria para a Copa do Mundo da Espanha, em 1982, saindo do Brasil em novembro do ano anterior de bicicleta, ele não parou mais. Desde então, já rodou 145 mil quilômetros no planeta, sempre de maneira inusitada e com um objetivo em mente. Zé do Pedal já cruzou o Japão de velocípede, a América do Sul em uma moto, a Baía da Guanabara em uma embarcação feita com garrafas pet.
Uma pequena parte dessa trajetória está em foco no documentário em curta-metragem Zé do Pedal – As fronteiras do mundo, de Bruno Lima e Fabrício Menicucci. No filme, os dois registram trecho da expedição Extreme world, que Zé do Pedal empreendeu entre 2008 e 2010. A viagem, de Paris à África do Sul (o objetivo foi chegar ao país ao Sul do continente africano para assistir ao Mundial de futebol), teve 17 mil quilômetros e foi realizada num kart a pedal. Durante o projeto, o ativista mineiro divulgou campanha de combate ao glaucoma e à catarata em países pobres.
“Também sou de Viçosa e sempre ouvi falar do cara que deu a volta ao mundo de bicicleta, pois ele é uma referência na cidade”, conta Fabrício. Quando soube da aventura de Zé da França à África ele e Bruno se uniram para realizar o filme. “Estávamos em início de carreira, recém-chegados ao Rio de Janeiro. Onde iríamos tirar dinheiro para o filme?”, lembra o diretor, que conseguiu alguns patrocínios com empresas de Viçosa para a viagem. Os dois ficaram 15 dias na África do Sul, na última parte da viagem de Zé. “Ficamos hospedados na casa de um mineiro que morava lá, que descobrimos, na época, pelo Orkut. Ele (Gustavo Zanetti) foi tão legal, tirou folga do trabalho para nos ajudar, que acabou virando produtor local do filme”, continua Fabrício.
A questão, uma vez realizadas as filmagens, foi ver o tom que o filme teria. “Como falar de uma viagem de dois anos em 15 dias? Resolvemos na ilha de edição fazer um perfil do Zé, um personagem muito rico, a partir da viagem à África do Sul”, diz Fabrício. Com a experiência em nove viagens, Zé afirma sem pestanejar que a incursão retratada no filme foi a mais complicada. “Mas uma das mais bonitas. Viajei pela África num carrinho de criança, um pouco melhor do que um velotrol. Passei por três países em guerra civil (Costa do Marfim, Nigéria e Congo) e tive problemas com visto”, relembra ele, que atualmente está em meio a nova incursão exótica.
Viaja de Caburaí, extremo Norte do país, em Roraima, até Chuí, no extremo Sul. A viagem está sendo feita a pé, mas empurrando uma cadeira de rodas, para chamar a atenção para as barreiras arquitetônicas que afetam o acesso de pessoas com deficiência física. Depois de cumprir 5 mil quilômetros de caminhada em Salvador, ele deu uma parada. Seu objetivo, ao retomar a viagem, será chegar ao Rio Grande do Sul em junho de 2015.
Fonte: uai