Diante das poucas alternativas para o público deficiente, o diretor Carlos Gerbase, 54, decidiu lançar o seu último filme, “Menos que Nada”, em formato audiofilme.

Para isso, o roteiro –sobre a história de uma médica residente que tenta recuperar um paciente psiquiátrico– foi adaptado, com a adição de falas e de um narrador.

Gerbase conta que, além de alcançar um novo público, também queria disponibilizar um produto diferenciado, permitindo, por exemplo, que as pessoas possam ouvir o filme enquanto dirigem. “Percebi que seria legal se o áudio pudesse escapar da imagem. Mas o audiolivro costuma ser muito chato”, diz.

A obra, porém, destoa do formato de audiodescrição, já que não há uma voz onisciente descrevendo a história. “Eu queria fugir disso. E não tinha um personagem no filme que pudesse ser o narrador. Então criei um novo personagem”, afirma. “Reescrevi uma série de textos, pegamos o áudio e fizemos um trabalho de remixagem. A ideia era fazer uma obra mais transmídia possível.”

EXPERIÊNCIA

A estudante de Letras Sheila Gois, 32, que é deficiente visual desde o nascimento, aprovou o formato de um narrador inserido na história.

Ela sentiu falta, porém, de descrições mais detalhadas do ambiente e das cenas do filme, como ocorre em um filme com audiodescrição tradicional.

“Faltaram algumas descrições como o que exatamente Dante [um dos personagens] fazia na hora dos delírios, cor de roupa, alguns espaços que também não foram descritos. Mas, no geral, ficou ótimo”, afirma. “Na minha opinião, prefiro assim mesmo: com detalhes necessários.”

Já a consultora Jucilene Braga, 32, também deficiente visual, diz considerar válida a iniciativa. “Muitos filmes hoje em dia deveriam ser audiodescritos e não são. O filme não é uma narrativa audiodescrita, mas ajuda”, diz.

MENOS QUE NADA – AUDIOFILME
DIREÇÃO Carlos Gerbase
PRODUÇÃO Brasil, 2012
QUANTO R$ 29,90
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

Fonte: Folha de São Paulo

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