Deficientes físicos se unem e criam torcida organizada
Um grupo de corintianos que nasceu com deficiência física – ou que teve problemas medulares ao longo da vida – resolveu criar a Torcida Defiel, fundada com dois objetivos: a luta contra o preconceito, situação recorrente no dia a dia de mais de 24 milhões de pessoas (segundo censo do IBGE), e o apoio ao Corinthians. Uma paixão mútua.Localizados na parte superior das cadeiras especiais laranja do Pacaembu (Portão 13), os torcedores encaram dificuldades de locomoção para chegar ao estádio e têm de brigar por um lugar no espaço do setor.
– Nosso intuito maior é demonstrar que não há limites para conseguir ver um jogo, apoiar o Corinthians – lembrou Dedé, um dos idealizadores da Defiel, que ainda busca recursos financeiros nesse início. Com ajuda de outras torcidas organizadas, a Defiel conseguiu estrear uma faixa na partida contra o Independiente Medellín (COL), numa das partidas da Libertadores da América.
“Pela fragilidade, não posso ter esbarrão. Mas não deixo de ir aos jogos. É minha maior paixão”, diz Bruno F. de Azevedo, 19 anos, que nasceu com osteogênese (popular ossos de cristal). “Vamos demonstrar que essa torcida não encontra dificuldades para assistir ao Corinthians em campo”, conta André Luis Felipe de 20 anos, que teve lesão medular após ser vítima de arma de fogo em setembro de 2007.
A ideia dos corintianos de criar uma torcida organizada com a presença de deficientes físicos foi inspirada na Eficigalo, torcida organizada de pessoas com deficiência do Clube Atlético Mineiro, que surgiu em março de 1999 na decisão do campeonato mineiro inicialmente como uma forma de protesto pela falta de acessibilidade no Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, e tornou-se a primeira do país. De acordo com seus líderes, mais de 200 cadeirantes acompanham a equipe nos jogos mais decisivos do Alvinegro.
Começaram com uma grande bandeira, seguida de uma faixa de 10 metro para sinalizar e marcar sempre a presença da torcida nos jogos. A torcida foi crescendo e recebendo apoio de outras torcidas organizadas do clube, principalmente da Força Jovem e Galoucura. A Eficigalo acredita que faz um trabalho de inclusão, utilizando a paixão do torcedor atleticano, estimulada pela torcida organizada, para sair de casa e acompanhar os jogos nos estádios, numa grande atividade de socialização. A deficiência que incomoda no dia a dia, é esquecida dentro do estádio.
“Temos que sair de casa e participar da sociedade em todos os sentidos, inclusive ir aos estádios!”, diz Mali Caldeira, uma das fundadoras da Eficigalo. “O gol que a nossa torcida organizada marca é de inclusão, reunir pessoas com deficiência nos estádios”, diz Ronaldo Buhr, outro fundador da torcida.
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