Quando Isabel Cristina Rabelo Passos, Pedagoga e cadeirante, decidiu viajar de avião pela segunda vez, achou que teria uma experiência diferente da primeira, mas nos dois voos nacionais, um para Belo Horizonte e outro para o Rio de Janeiro o constrangimento foi o mesmo.

“Nos dois voos eu tive que ser carregada, o que é perigoso porque você não sabe se a pessoa tem a prática de pegar uma cadeira de rodas e descer escadas. É muito constrangedor um desembarque de 5 ou 10 minutos levar 1 hora”, critica Isabel.

Isabel não é a exceção. O cadeirante especializado em turismo adaptado, Ricardo Shimosakai, viaja pelo menos 1 vez por mês à trabalho, e já enfrentou situações parecidas.

“Eu estava voltando da Argentina e estava necessitando de um ambulift, que é um carro-elevador para quando o avião para na pista, fazer a sua descida da aeronave. Fiquei esperando mais de 1 hora. Fui saber a razão disso, e eles disseram que havia mais 5 cadeirantes na minha frente para utilizar o equipamento. Então eu tive que esperar esse tempo todo”, comenta Ricardo Shimosakai.

De acordo com a resolução da ANAC, o embarque e desembarque do passageiro com necessidades especiais, devem ser feitos preferencialmente por pontes de embarque, elevadores ou rampa. Carregar manualmente o passageiro em situações que não são emergenciais, é proibido de acordo com a norma.

Outra reclamação frequente segundo Ricardo, é com relação ao transporte das cadeiras de rodas. O deficiente físico tem direito a levar a sua sem pagar nenhuma taxa extra. O ítem deve ser considerado frágil e prioritário, e levado no mesmo voo do passageiro. Caso o equipamento seja danificado ou perdido, o operador tem o prazo de 14 dias para indenizar o cliente ou substituir o ítem. Obrigação que no caso de Ricardo, levou mais de 6 meses para ser cumprida.

“Isso é uma danificação muito grave. Então eu pedi para a companhia aérea, que ela me indenizasse. Na verdade eu fui com uma proposta para melhorar o serviço dela, mas não aceitaram, então eu fiz com que pagassem minha cadeira, e pagaram 17 mil reais por uma cadeira de rodas nova”, complementa Ricardo.

“Eu dei uma volta com o Ricardo, e a gente pode perceber que para os cadeirantes, o problema do aeroporto começa já na chegada. Por exemplo, pouquíssimas empresas tem um guichê rebaixado para atender os cadeirantes. Algumas que tem, ainda aproveitam para colocar alguns objetos”, observa a repórter Karina Zasnicoff.

“Às vezes quando eu me dirijo à um tipo de balcão como esse (com altura rebaixada) que não tem ninguém, o atendente que está do lado, pede para eu me deslocar até o outro balcão inacessível, ele não vem até o balcão acessível”, diz Ricardo.

Durante o trânsito nos aeroportos as empresas aéreas fornecem cadeiras de rodas e funcionários para ajudar. No caso de Maria Luiza Pires, a norma foi cumprida, só que o equipamento estava em péssimas condições.

“Me deram essa cadeira quebrada e infelizmente se eu soltar ela, vai parar lá na avenida, não tem trava. Se eu estivesse sozinha carregando minha mãe e as malas, eu tinha acidentado ela”, explica Maria Luiza.

A Infraero, operadora do Aeroporto de Congonhas, informou que dispõe de 2 ambulifts para atender os passageiros com deficiência física. Já a GRU Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos, informa que possui 3 destes aparelhos.

Em nota a ANAC respondeu que a resolução de acessibilidade, que passou a vigorar em janeiro de 2014, traz um cronograma obrigatório para que cada aeroporto tenha ambulifts de acordo com o número de passageiros transportados, e ressalta que a fiscalização sobre segurança é sua prioridade. A companhia aérea Gol esclarece que sobre os balcões de vendas de passagens, mantém somente itens necessários para atendimento e prestação de informações aos passageiros, de acordo com o que determina a legislação. E a TAM lamenta os transtornos causados às passageiras e informa que está examinando o estado de conservação das cadeiras de rodas oferecidas pela companhia em Congonhas.

Fonte: TV Gazeta

" });