Se o bom de ser criança é poder brincar à vontade, Jade Lanai Oliveira, de 8 anos, não perde tempo parada. A paraplegia, motivada por uma má formação na coluna, não a impede de curtir a infância cercada por amigos. Para a mãe Zaíra de Oliveira, o principal aliado da filha é o esporte. “Ela sempre esteve inserida em grupos de natação, tênis e nas atividades da escola. O esporte promove um ambiente de grupo que colabora para a inserção social”, diz.
Com uma rotina agitada, de segunda a sábado, Jade intercala aulas de natação, badminton e dança. Pode-se pensar que o número de atividades seja excessivo para uma criança, no entanto, para pessoas que se locomovem com cadeira de rodas, o exercício físico colabora para o melhor funcionamento do trato intestinal e aumenta a resistência respiratória. “A prática de esporte agrega benefícios que os remédios não dão conta sozinhos”, ressalta a mãe de Jade.
Nem sempre, porém, há estímulos para as atividades. Não é raro, por exemplo, que escolas dispensem alunos com deficiência das aulas de educação física, simplesmente por não saberem lidar com eles. “É preciso realmente ter um cuidado e uma atenção especial, mas a ação deveria ser contrária, de incentivar a prática de exercícios”, opina Zaíra de Oliveira.
O professor do Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe) Létisson Samarone alerta para a importância de evitar superproteger a criança. “É preciso questionar se ela não consegue realizar determinada atividade por causa da limitação dos movimentos ou por falta de estímulos”, diz.
O professor observa que até os 12 anos a deficiência não é vista como alvo de preconceito e sim de curiosidade entre as crianças. “A exclusão acontece com aquele menino que atrapalha o jogo, que coloca a mão na bola durante o futebol, por exemplo”, explica. “Mas quando se ensina as regras para as crianças com deficiência, elas entendem que podem colaborar com o time e a relação de brincadeira com os colegas fica muito boa.”
Nas aulas de badminton que Jade frequenta, duas vezes por semana, no Cetefe, o professor Lépisson aproveita a presença de atletas já formados e de crianças sem deficiência, que vão até o local acompanhar alguém, para juntar todo mundo na mesma atividade. Na última quarta-feira, o agitado Vítor Kelui Oliveira, de 5 anos, que não tem deficiência física, sentou em uma cadeira de rodas para entrar na brincadeira com a irmã Jade e os demais colegas. “Quando percebe que as crianças que não usam cadeira de rodas querem estar em uma, os cadeirantes se sentem valorizados”, ressalta o professor.
A presença dos familiares na atividade física auxilia o trabalho de inserção social. “Em casos de alunos com deficiência mental, o irmão ou alguém da família dá mais confiança à criança que está começando no esporte”, afirma Létisson.
Onde praticar. Confira os locais que oferecem esportes para crianças com deficiência.
Cetefe
Interessados devem acessar o site www.cetefe.org e fazer o cadastro. Com o apoio da Secretaria de Educação e de Esporte e do Comitê Paralímpico Brasileiro, a instituição oferece atletismo, badminton, bocha, futebol de 5, futebol de 7, goalball, natação, tiro com arco, tênis e vela. Informações pelo telefone 2020-3435.
Centros de Iniciação Desportiva (CID)
Oferecem vagas para pessoas com deficiência que estejam matriculadas em escolas públicas ou entidades conveniadas. Os interessados devem entrar em contato com as regionais de ensino ou buscar mais informações pelo telefone da Coordenação de Educação Física e Desporto Escolar: 3901-3101.
Centros Olímpicos
Os Centros Olímpicos também oferecem vagas para deficientes, nas unidades de Ceilândia, Brazlândia, Estrutural, Gama, Santa Maria, Samambaia, São Sebastião, Sobradinho, Recanto das Emas e Riacho Fundo I.
Fonte: Super Esportes
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