Deficiência em quadrinhos nos personagens do desenhista Mauricio de Sousa
Em entrevista exclusiva para o Cidadania, o desenhista Mauricio de Sousa fala sobre os personagens com deficiência que ele insere na Turma da Mônica – Dorinha, uma menina com deficiência visual; Luca, um cadeirante; André, um menino autista; e mais recentemente uma menina com Síndrome de Down – para contribuir com a consolidação de uma sociedade mais inclusiva.
De que forma o Sr. acredita ajudar crianças reais com deficiência, ao incluir na Turma da Mônica os personagens Luca, Dorinha, André e uma menina com Síndrome de Down?
A turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem, nas historinhas, como crianças reais. São como nossos filhos ou conhecidos. E sem dúvida todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência, num convívio harmônico e dinâmico. Assim aprendemos as regras da inclusão. E por que não repetirmos nos quadrinhos nossas experiências nesse sentido? Provavelmente estaremos sugerindo comportamento semelhante aos nossos leitores. Algum bom resultado deve advir.
Há algum outro resultado positivo que o Sr. espera alcançar, ou que já tenha alcançado, com esses personagens?
Temos tido conhecimento de muitos casos de leitores especiais que tiveram comportamento alterado para melhor por influência dos personagens. Alguns marcantes, principalmente nas relações humanas, como em casos de autistas. Em outros casos, nossos personagens ao vivo [representados por atores em parques, eventos, etc.], no contato com os leitores, principalmente crianças, são consultados sobre como eles enfrentam o problema de escolas despreparadas para a inclusão, como enfrentam a falta de visão no seu dia a dia, como caminham por vias mal sinalizadas para deficientes visuais… Nossa personagem Dorinha é a campeã de responder perguntas. Naturalmente, para isso preparamos muito bem nossos performáticos para que atendam às demandas, conforme as instituições especializadas nos orientam.
É mais delicado criar personagens com deficiência intelectual (André e a menina com Síndrome de Down) do que com deficiências físicas (Luca e Dorinha)?
É preciso, antes de mais nada, muita pesquisa e estudo para não estigmatizar ou estereotipar personagens especiais. A Síndrome de Down, por exemplo, tem diversas variantes que mudam de um para outro portador. Além desses cuidados, temos, sim, mais atenção no desenvolvimento de personagens com deficiência intelectual.
Tem planos para personagens com algum outro tipo de deficiência ainda não abordada?
Criar novos personagens acontece conforme alguma entidade nos pede ajuda para uma campanha. Como surgiu recentemente em Brasília, onde a ONG Amigos da Vida me solicitou personagens para campanha sobre crianças soropositivas nas escolas. Em nossa revista editada para essa campanha, Mônica e a turminha conhecem o Igor e a Vitória, que são soropositivos de HIV. Está sendo um sucesso dentro das escolas.
A Turma da Mônica, enquanto empresa, toma medidas para garantir a acessibilidade de crianças com deficiência a seus produtos e mídias (HQs, Cinema, TV, Teatro, Parque, etc.)?
Temos procurado produzir algum material para crianças com deficiência visual e auditiva. Recentemente lançamos um DVD do longa Turma da Mônica em Uma Aventura no Tempo com linguagem de Libras para surdos. E temos planos para mais publicações em braile, como já produzimos anos atrás em livros. Nosso novo Parque da Mônica, que deverá ser construído em um shopping em São Paulo, terá todos os acessos facilitados para cadeirantes e pessoas que necessitem de cuidados especiais. Mas nosso forte são as campanhas de informação que ajudam as crianças a entenderem esses cuidados a partir da escola.
Fonte: Fundação Bunge
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Bom dia alguém sabe me informar onde consigo está revista do Mauricio sobre a inclusão?
Olá,
Não sei, mas oriento a procurar a própria editora de Maurício de Souza para se informar.