Como é a sua viagem de sonho? A do Edgar é de marcha-atrás, em cadeira de rodas

por | 9 jun, 2017 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Egdar Silva, 55 anos, natural do Seixal, da Lourinhã. Nasceu com paralisia cerebral. A doença impede-o de caminhar, além de lhe afectar a capacidade de expressão, mas não o impede de sonhar.

“Quando põe as coisas na cabeça, luta por elas, contrariamente a nós, que desistimos facilmente”, conta à Renascença Miguel Paulo, o amigo que parte com Edgar para mais uma aventura.

“É uma maneira de se manter vivo, de querer, de fazer. Não está acomodado à sua situação e vai arranjando estes objectivos”, acrescenta.

Edgar Silva anda sempre de costas para o percurso, empurrando a cadeira com os pés para trás. “Ele só consegue empurrar, com os pés. Não consegue puxar. Ele não utiliza as mãos nos aros. Ele vai com as mãos nuns manípulos que foram adaptados à cadeira e, quando é para travar, vira-se para a frente e trava com os pés. É um rapaz que gasta um par de sapatos por semana, porque ele treina muito”, conta Miguel.

“Na vida de Edgar, tudo é difícil”, sublinha Miguel, “até o comer”. E prossegue o relato: “No início das caminhadas, não comia. Perguntávamos o porquê, mas ele nada respondia, até que percebemos que era difícil para ele”, conta Miguel, com a voz embargada, acrescentando que “Edgar precisa que lhe partam a comida”.

“Ele passa o dia sempre sentado, mas não se queixa. Pode estar em ferida, que não há ali um queixume”, diz o amigo Miguel.

A dupla – Edgar e Miguel – parte esta quinta-feira, do Santuário de Fátima e vai fazer cerca de 100 quilómetros, até segunda-feira. O objectivo é ir fazendo o caminho por etapas e a primeira terá a duração de quatro dias, terminando em Coimbra.

O trajecto de Fátima a Santiago de Compostela está inserido num sonho ainda maior deste peregrino que pretende, depois, fazer Santiago de Compostela a Lourdes (França), prosseguindo até ao Vaticano.

“A vida só sobrevive graças à generosidade de outra vida”

Miguel Paulo, 52 anos, trabalha por conta própria em sistemas de segurança e vai tirar dias da sua actividade para acompanhar o peregrino. Quando lhe perguntamos a razão, responde, a custo, por causa da emoção, com palavras do Papa Francisco, em Fátima: “A vida só sobrevive graças à generosidade de outra vida”. E acrescente: “É isso que eu sinto”.

“Não podemos ser egoístas. Temos de fazer alguma coisa pelos outros”, reforça.

Miguel acompanha a pé o peregrino Edgar. A pé, a acompanhar e a puxar pela cadeira. “Puxo pela cadeira nos sítios difíceis, porque ele, como anda para trás, qualquer pedra lhe prende a roda e, depois, a cadeira vira, prende”.

O percurso “será feito por trilhos ou caminhos de terra com areias, pedras, riachos…”, conta Miguel à Renascença, lembrando que é preciso “ultrapassar todos os obstáculos que possam aparecer”.

Na mochila, transporta “tudo o que é preciso”. E tudo é muito. “São cerca de 13 quilos às costas, porque não temos carro de apoio”.

“Transporto sempre o nosso almoço, dois pares de sapatos, as gabardines para a chuva, as marmeladas, os protectores solares…”

Para o caminho de Santiago de Compostela, Miguel Paulo afirma que o percurso será “tanto mais rápido, quanto condições houver para o fazer”.

Os peregrinos partem para esta especial ‘viagem de sonho’, “sem fundo de maneio”, contando apenas com “algumas dádivas”, na certeza de que “Deus providenciará”.

Fonte: Enascença

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