Uma brochura turística em escrita simples (de modo a torná-la acessível a todos) para o concelho das Caldas da Rainha foi a proposta apresentada pela caldense Graciete Morgado durante a segunda edição da conferência internacional INCLUDiT, que decorreu de 3 a 5 de Julho, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.
Este é o segundo ano que o curso de mestrado em Comunicação Acessível e a Unidade de Investigação Acessibilidade e Inclusão em Acção (iACT) do IPL promovem este encontro internacional dedicado à inclusão.
O seu objectivo é estimular o diálogo entre os investigadores dos mais diversos domínios com vista a uma abordagem multidisciplinar de temáticas como a deficiência, questões de identidade, multiculturalidade, factores de discriminação ou questões de saúde física e mental, entre outras.
Ao longo de três dias foram dinamizadas sessões plenárias e paralelas para a apresentação de comunicações livres, entre outras actividades.
Aluna do mestrado em Comunicação Acessível, Graciete Morgado referiu a importância da elaboração e divulgação de mais material de apoio em multiformatos, tendo em conta que “estes materiais facilitam a vida de todos os que necessitam e usufruem da comunicação aumentativa”.
Na sua opinião, “há que desmistificar que a escrita simples é infantilizada da mesma forma que a escrita em pictogramas (ou símbolos) é para crianças. A acessibilidade também é comunicação, e o que beneficia o outro, beneficia também a mim”.
A mestranda destaca a necessidade de um texto curto com linguagem simples, com conteúdos que correspondam às necessidades e expectativas naturais e de informação, sem exigirem muito dos intervenientes finais.
“Praça de Todos” com ementas em braile
A par desta iniciativa, Graciete Morgado também participou num projecto pioneiro no âmbito da escrita aumentativa, menus em braille e linguagem pictográfica.
O “Praça de Todos” disponibiliza em braille e em linguagem pictográfica as ementas dos estabelecimentos de restauração da Praça Rodrigues Lobo, o que permite o acesso aos menus por públicos diferentes. A iniciativa contou com a adesão de todos os espaços de restauração desta praça.
“Este projecto tem como principal objectivo contribuir para uma acessibilidade plena de todos os cidadãos, colocando assim a cidade de Leiria na vanguarda da inclusão”, destacou Célia Sousa, professora do IPL e coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Digital.
Para Graciete Morgado, seria importante que também Caldas apostasse “à semelhança de Leiria, na inclusão e aposte fortemente no sector do turismo acessível e veja a comunicação acessível como um sector para desenvolver”.
O mestrado de Comunicação Acessível tem como objectivo formar especialistas em comunicação acessível, com vista ao desenvolvimento das competências teóricas e operacionais necessárias a uma inserção no mercado de trabalho nacional e internacional. Estão inscritos 16 alunos de diferentes países, entre os quais Brasil e Cabo Verde.
Fonte: Gazeta das Caldas