As quatro rodas vão percorrendo devagar o deque de madeira que ainda brilha de tão novo. Ao longo do percurso de 600 metros, a gerente de Marketing da Aflodef, Josimara Bach, 30 anos, vai parando a cadeira motorizada diante de cada um dos 16 viveiros da Trilha Ecológica do Parque Estadual do Rio Vermelho, a cerca de 25 quilômetros do Centro de Florianópolis. Algumas gaiolas ainda estão vazias, mas já é possível observar macacos, corujas, tucanos, jabutis e uma iguana.

— São animais que sofreram maus-tratos, acidentaram-se ou foram abandonados e que não teriam muitas chances de retornassem ao habitat natural — explica a veterinária Cristiane Kolesnikovas, enquanto acompanha o passeio da visitante única da tarde.

Cerca alta e acesso limitado

Sentada na cadeira de rodas, Josi tem dificuldade para enxergar alguns bichos por entre a cerca de madeira de 1,10 m de altura, que acompanha o deque.

— É uma determinação de segurança do Corpo de Bombeiros — explica o chefe do Parque, Márcio Luiz Alves.

Outra justificativa teve que ser dada à visitante para o único acesso ao mirante com vista panorâmica para a Lagoa da Conceição e o mar da praia de Moçambique: uma escada em espiral.

— No futuro vamos colocar um elevador para que todos tenham acesso — disse Alves. Josi falou pouco durante o passeio e respondia com frases curtas às explicações dos guias. Apesar das dificuldades, ela aprovou a trilha ecológico.

— É difícil encontrar lugares acessíveis e fazia tempo que eu não tinha um contato tão próximo com a natureza. Vou recomendar para os meus amigos, cadeirantes ou não. Valeu a pena — disse.

Trilha Off-Road

O restante da trilha é de areia fofa, forrada por palha seca e pinhos, o que oferece certa dificuldade para as quatro rodas de Josi, que abriu mão de fazer o trecho em uma das quatro cadeiras especiais oferecidas pela organização da trilha, e que são próprias para deslocamento em areia de praia.

Nesta parte do passeio, com cerca de 300 metros de extensão, o subtenente da Polícia Militar Ambiental Marcelo Duarte pode falar do dano causado pelo plantio de árvores exóticas (pinhos, cedros e eucaliptos), que compõem atualmente 45% dos 1,5 milhão de m² de todo o Parque.

— A palha impede que sementes de vegetação nativa brote e as folhagens exóticas impedem a entrada de luz, matando toda planta que está abaixo — ensina.

Para eliminar cerca de 800 mil exemplares da árvore nociva, tem um estudo em curso na Fundação do Meio Ambiente (Fatma), que tem por objetivo a substituição por espécies nativas.

— Esta é a ideia da trilha. Queremos conscientizar a população sobre a questão dos maus-tratos aos animais, mas também para apoiar esta substituição na vegetação do parque — conta.

Para visitar:
::: Aberto de terça-feira a domingo (inclusive feriados), das 10h às 17h.
::: Em dias úteis, a visitação guiada é destinada a escolas ou grupos previamente agendados pelo e-mail [email protected].
::: Aos finais de semana e feriados, a visitação é aberta ao público e não precisa agendar. O acesso é permitido somente com acompanhamento de guias (grupo de até 30 pessoas), ocorrendo a cada 30 minutos, sem necessidade de agendamento.
::: Para cadeirantes, serão disponibilizadas cadeiras especiais para o trecho pela mata, que não é coberto pelo deque de madeira.
::: Durante a visitação, evite correr, falar alto ou comer. Não há lanchonetes no lugar, então é melhor levar lanche. Ao final da trilha existe uma área própria para alimentação.
::: Proibido fumar e bebidas alcoólicas Turistas e moradores que tiraram o fim de semana para conhecer a Trilha Ecológica do Parque do Rio Vermelho, em Florianópolis, encontraram os portões fechados. O passeio foi inaugurado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) no dia 4 de abril e seria aberto à visitação na última quinta-feira.

Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo do passeio de Josi pela trilha ecológica

Vídeo do passeio de Josi pela trilha ecológica

Fonte: Diário Catarinense

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