O filme brasileiro “Hoje eu quero voltar sozinho” foi escolhido o melhor da mostra Panorama do Festival de Berlim pelo voto da crítica e ganhou o prêmio Teddy, destinado a longas com temática homossexual. Dirigido por Daniel Ribeiro, de 32 anos, o longa-metragem é uma história de amadurecimento de um menino cego que se envolve com um colega de escola.
— Espero que essa vitória ajude no lançamento no Brasil, que faça com que as pessoas queiram ver — diz o diretor ao GLOBO, de Berlim, onde acompanha o festival e teve seu filme exibido na segunda-feira. — Eu me inspirei na minha experiência de me apaixonar pela primeira vez, do primeiro beijo, e acho que isso está despertando muita identificação do público e dos críticos, que saem sorrindo das sessões. Além disso, não existe mais um pré-conceito do tipo de filme que sai do Brasil. O meu poderia ter sido feito em qualquer país.
Segundo Ribeiro, a premiação de seu primeiro longa-metragem é a prova da atenção que o júri do Festival de Berlim está dando para os filmes de temática gay. Na história contada pelo brasileiro, um dos personagens descobre que é homossexual.
— É o beijo gay menos polêmico do mundo — brinca ele, que ainda tem um Urso de Cristal em Berlim pelo curta-metragem “Café com leite” em 2008 . — O curioso é que dos quatro filmes brasileiros exibidos no festival, três deles têm histórias gays, além dos outros 15 de outros países que também seguem esse tema em diferentes mostras. Foi o festival que se interessou por esse tema.
Em “Praia do Futuro”, longa do diretor Karim Aïnouz que concorre ao Urso de Ouro, Wagner Moura interpreta um guarda-vidas de Fortaleza que começa uma nova vida em Berlim ao lado de seu namorado alemão. Embora o filme traga cenas de sexo e nus frontais, a homossexualidade dos personagens não é o principal foco da narrativa. Outras produções brasileiras exibidas no festival são “O homem das multidões”, uma parceria entre os diretores Marcelo Gomes e Cao Guimarães; “Castanha”, do gaúcho Davi Pretto e o curta-metragem “Fernando”, de Helvécio Marins e Felipe Bragança.
Já entre os filmes da mostra competitiva, o júri dos críticos, todos filiados a Federación de la Crítica Internacional (Firpresci), escolheram “Aimer, boire et chanter” (“Life of Riley”), de Alain Resnais, como o melhor do 64º Festival de Berlim.
Leia a sinopse de “Hoje eu quero voltar sozinho”:
Leonardo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.
Fonte: O Globo