Danieli Haloten sempre aproveitou a projeção que recebeu por causa da novela das 19h “Caras & bocas”, exibida originalmente em 2009 e reprisada recentemente na faixa Vale a Pena Ver de Novo, para chamar a atenção para a causa dos deficientes visuais.

Desde que saiu do ar, a curitibana, de 34 anos, ministra palestras de motivação e inclusão, lançou o livro “Uma viagem no escuro”, sobre os percalços de uma viagem de intercâmbio ao Canadá, e encenou duas peças: “A farsa do bom marido” e um stand-up comedy, “Danieli Haloten nua e crua”, em que conta situações de seu cotidiano. Se quisesse reeditar a peça, não lhe faltaria repertório. Danieli conta que ficou decepcionada numa viagem recente à Disney.

– Fico chateada quando viajo e não posso tocar nas coisas. Tentei aproveitar e aproveitei o que pude. Mas é um parque essencialmente visual, então, quem não enxerga perde muita coisa. Não me deixaram nem tocar no castelo da Cinderela pra eu ver como era – relata ela.

– Acho que os parques, museus e atrações devem fazer exceção aos deficientes visuais, para que eles possam tocar nas coisas e aproveitar tal qual as pessoas que enxergam. Uma vez, por exemplo, fui a uma exposição de Barbies, e o expositor ergueu todos os vidros para que eu pudesse ver as bonecas com as mãos. E olha que eram muitas. Amei.

Para a atriz, as pessoas com deficiência deveriam ser retratadas nas campanhas publicitárias e ter uma representatividade maior na televisão, tanto no entretenimento quanto no jornalismo.

– Profissionais com deficiência deveriam ser contratados para trabalhar na frente e atrás das câmeras para aumentar a  conscientização do público e para ajudar a compor os personagens com deficiência e apurar melhor as notícias sobre o assunto. Ficaria muito feliz em ajudar os autores a compor personagens com deficiência visual, porque devemos ser representados.

Sem outras novelas no currículo, Danieli, que é formada em jornalismo e artes cênicas, diz que nunca deixou de ser abordada por causa da novela de Walcyr Carrasco.

– Adoro trabalhar em televisão. Até vieram convites, mas não foi possível aceitar na oportunidade. Há um mundo de possibilidades. Poderia trabalhar como atriz, jornalista ou roteirista. Tenho muitos projetos de programas de TV.

Na vida pessoal, Danieli diz estar solteira e feliz da vida por ter acabado de treinar seu terceiro cão guia.

– Estou animada com meu cão guia aposentado e minha nova cadela guia, da qual não devo falar o nome, por orientação dos treinadores, a fim de que as pessoas não chamem sua atenção enquanto ela está trabalhando. Ela é uma mistura de golden e labrador. É muito interessante ter minha atenção dividida entre os dois. Parece que eu tenho dois filhos, cada um com sua personalidade, mas ambos brigando pela minha atenção.

Fonte: Patrícia Kogut

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