Por Peter Loch, que escreve de sua cadeira de rodas buscando dar visibilidade às pessoas com deficiência.
Essa típica fase que se diz a alguém que quer algo que não tem e é difícil de obter é uma expressão que pode refletir em que pé se encontra tema da acessibilidade atualmente. Em 2013 a cidade de Berlim foi eleita a cidade mais acessível do mundo, mas conseguir isso não foi fácil. Houve com um grande planejamento e não foi feito de um dia para o outro – algo que no Brasil se destaca pelas políticas de curto prazo.
Apesar de ter vencido no ano passado, Berlim não se deu por satisfeita e se impôs uma nova meta: converter-se até 2020 em uma cidade para todos. Pois é disso que se trata a inclusão. Não queremos cidades repletas de rampas, pois isso seria um remendo. É preciso pensar em uma cidade que seja construída para todos.
E no Brasil, planejamos as cidades?
Parece-me que não. Há cada vez mais casas, mais carros e as novas construções são feitas sem nenhum planejamento. Apesar de haver uma legislação que obriga os edifícios públicos a serem acessíveis, boa parte não atende aos padrões da ONU. Lamentavelmente esses edifícios se tornam ilhas onde nem todos podem chegar.
Com um sistema de transporte deficiente e vias públicas cheias de obstáculos é impossível chegar a diversos destinos. Prova disso é que apesar de existir milhões de pessoas deficientes em nosso país, a cifra não é refletida no ambiente construído.
Um ponto importante e que faz uma grande diferença entre os dois continentes é que a Europa se une para debater esses temas. Os países compartilham suas experiências e resultados bem e mal sucedidos. A América Latina deveria imitar essa forma de trabalho em conjunto entre nações, assim, avançaríamos com maior rapidez e efetividade, sem desperdiçar recursos com soluções equivocadas.
Como avançar?
Por ora, devemos seguir apoiando iniciativas como a Ciudad Fácil, que nos mostra as insuficiências arquitetônicas que nos afetam, como obter cadastros em nossas cidades, onde é necessário intervir e de que forma; e a grande vantagem é que essa informação é obtida pelos próprios cidadãos mais afetados. É necessário que as autoridades saibam tomar esses dados para, assim, criar cidades para todos.
Via Plataforma Urbana. Tradução Romullo Baratto, ArchDaily Brasil.
Fonte: Instituto de Arquitetos do Brasil
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