Acessibilidade no universo digital. Barreiras e soluções de uma web mais inclusiva.

por | 18 nov, 2019 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Acessibilidade no universo digital. A tecnologia digital é uma das maiores revoluções da sociedade nos últimos tempos. O impacto que a internet, e mesmo os aparelhos digitais que não dependem de rede, foram tão grandes que modificaram os hábitos das pessoas em pouco tempo.

Não é difícil voltar um pouco no tempo e lembrar de atividades do cotidiano que fazíamos de forma mais lenta e trabalhosa. Os telefones públicos, popularmente chamados de “orelhões”, praticamente não são mais usados. As companhias telefônicas desligaram quase 600 mil orelhões no país, uma redução de mais de 70%. E esse número vai continuar caindo. A expectativa é que restem apenas 160 mil orelhões.

A tecnologia tem ajudado muito a todas as pessoas, e os benefícios que ela tem trazido para as pessoas com deficiência também são muito bons. Pelo número elevado de pessoas com algum tipo de deficiência existente no Brasil e no mundo, a acessibilidade no universo digital precisam ser mais valorizada, nos programas (softwares) e aparelhos (hardwares). Atualmente, os sistemas operacionais de telefones celulares, já vem com recursos de acessibilidade, como leitor de tela, contraste e ampliação de fonte.

O Brasil tem hoje dois dispositivos digitais por habitante, incluindo smartphones, computadores, notebooks e tablets. É o que revela a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). Entre os aparelhos, o uso de smartphone se destaca: segundo o levantamento, há hoje 230 milhões de celulares ativos no País.

O costume de mandar cartas pessoais foi praticamente substituído pelo email, e agora os aplicativos de mensagem instantânea já tem se tornado outra opção. A maioria das pessoas já não ficam paradas na beira da calçada para estender o braço e chamar um taxi, isso já virou tarefa para os aplicativos.

E o que falar então da maneira de como pedimos comida, fazemos transações bancárias, reserva de passagens e hotéis, e até paqueras! Mas em aplicativos de relacionamento, uma das coisas que mais chama a atenção são as fotos, então você já pensou como um cego consegue ter referências para curtir alguém?

Além disso, as redes sociais além de uma maneira de se socializar, já também são exploradas pelos negócios. Uma grande parte das pessoas não consegue deixar um intervalo de mais de um dia sem entrar no Facebook, twitter, Instagram, WhatsApp, LinkedIn, ou outros que ainda existem.

As redes sociais servem como um instrumento motivador e de trocas de ideias e experiências. A Turismo Adaptado recebe muitos relatos de agradecimento de pessoas que se sentiram motivadas pelos exemplos e informações que passamos em nosso site e redes sociais.

A tecnologia ajuda bastante na realização de tarefas. Como um exemplo, pessoas que tem dificuldade de locomoção, em diversas situações, já não precisam mais sair de casa para fazer transações bancárias, a não ser em casos específicos.

Também não precisam mais ir ao supermercado para fazer compras, é possível comprar pela internet e pedir para entregar em casa. A única preocupação que eu (Ricardo Shimosakai) tenho em relação a isso, é o aumento do sedentarismo. A facilidade das coisas pode nos levar a hábitos não muito saudáveis.

A maior mudança que eu percebo na acessibilidade no universo digital, são para as pessoas com deficiência visual. A tecnologia ajuda demais para tarefas que antes seriam muito difíceis ou praticamente impossíveis.

Para solicitar um taxi, agora é muito mais simples, afinal ele vem até onde você está, e também ficou mais fácil ele saber aonde você quer ir, por causa do GPS. A guerra entre Taxi e Uber também vai para o campo digital, e o Uber tem inovado na acessibilidade.

A dependência do Braille vem diminuído consideravelmente, pois muitos livros e textos já podem ser acessados pela internet. Até já existem aplicativos que conseguem transformar em voz, o texto impresso. Outra variação, são scanners que decodificam uma página impressa e coloca num pequeno painel, o relevo do Braille. Estes equipamentos já podem ser encontrados em diversas bibliotecas.

A tecnologia pode não ser a opção que vá solucionar totalmente um problema, mas pode ser uma ponte muito importante. Por exemplo, o aplicativo Be My Eyes, reúne num aplicativo em tempo real, pessoas cegas e voluntários disposto a ajudar “emprestando” seus olhos. É aberta uma comunicação por vídeo entre as duas pessoas, e o cego aponta a câmera para um objeto, e o voluntário faz a descrição.

Existe soluções parecidas para surdos, um serviço de interpretação de Libras online, que utiliza a câmera numa conversa onde entre três pessoas fazem parte. A primeira é o surdo, a segunda a pessoa que não sabe Libras que o surdo quer se comunicar, e a terceira um intérprete de Libras para fazer a mediação da conversa.

Então com a câmera apontada para captar a imagem do surdo gesticulando, a pessoa do aplicativo vai interpretando a conversa em libras para o surdo, ou em voz para a outra pessoa. Um aplicativo chamado Hand Talk faz algo parecido, mas por meio de um ajudante virtual chamado Hugo, que traduz texto e voz para Libras.

Apesar de muitos avanços, temos que melhorar bastante ainda para ter uma boa acessibilidade no universo digital. Milhares de aplicativos e sites são criados todos os dias, e a maioria deles não seguem as normas de acessibilidade na web.

Na verdade, a maioria desconhece que isso exista. Não basta somente ter softwares de leitura de tela para cegos, é preciso que o site esteja preparado para que essa leitura não seja confusa. Por exemplo, uma amiga cega disse que nenhum site das companhias aéreas brasileiras tem condições de acessibilidade para que ela possa comprar sozinha sua passagem.

Em uma entrevista para a TV Boa Vontade, Ricardo Shimosakai, como um consultor especializado em acessibilidade e inclusão, foi convidado para falar sobre a tecnologia ao alcance de todos. Confira abaixo o vídeo completo.

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